“Tivemos uma boa conversa e combinamos de nos encontrar na semana que vem, se isso for do interesse dele. Mas ele parece um cara muito legal.” A declaração simpática de Donald Trump sobre Lula, na Assembleia-Geral da ONU, causou surpresa geral. Para alguns integrantes do governo brasileiro, no entanto, foi só a cereja do bolo de uma articulação bem-sucedida que vinha sendo conduzida nos dias anteriores à conferência, em Nova York. Esse grupo de representantes brasileiros conseguiu estabelecer um canal de interlocução direta com a Casa Branca, algo que vinha sendo almejado, sem sucesso, desde que Trump anunciou o tarifaço, em julho. As negociações, desde então, avançaram.

No Foro de Teresina desta sexta-feira (26), a repórter da piauí Ana Clara Costa conta os bastidores dessa costura, que não foi capitaneada nem pelo Itamaraty nem pelo Departamento de Estado americano, dominado pela ala mais radical do governo Trump. As conversas evoluíram bem, e o combinado entre os negociadores americanos e brasileiros era que Lula e Trump conversassem por dez minutos antes da abertura da Assembleia-Geral, na terça-feira (23). Atrasos e outros obstáculos, no entanto, dificultaram que isso acontecesse, e a conversa entre os dois durou apenas 39 segundos. Foi, ainda assim, um bom diálogo, o que se refletiu na fala improvisada de Trump sobre a “química” com Lula. 

Agora, o governo brasileiro tenta definir os termos do encontro entre os dois presidentes, que está previsto para acontecer nos próximos dias, mas ainda não tem data confirmada. O Itamaraty defende que a conversa seja virtual – uma precaução para proteger Lula de eventuais constrangimentos causados por Trump, que já colocou outros chefes de Estado em saias justas. Mas outra ala do governo brasileiro – aquela que conseguiu abrir o canal de diálogo com a Casa Branca – defende um formato diferente: que Lula viaje aos Estados Unidos e converse com Trump em Mar-a-Lago, resort na Flórida onde fica a residência do presidente americano. A avaliação desse grupo é de que, ali, os dois chefes de Estado poderiam ter uma conversa mais informal e mais produtiva do que teriam na Casa Branca.

O governo americano ainda não confirmou se aceita o encontro nesses termos. Os negociadores brasileiros, de todo modo, estão otimistas com o quadro geral. A percepção é de que Trump, que até aqui vinha se informando sobre o Brasil exclusivamente por intermédio de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, agora está mais aberto a ouvir Lula. Ouça aqui o Foro de Teresina, que conta em detalhes essa articulação brasileira.





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