Criado pelo Batalhão de Rotam, Projeto Raiadinhos dá aulas de Jiu-Jitsu e Taekwondo com ajuda voluntária de militares


Projetos sociais têm permitido que crianças e adolescentes sejam mais disciplinados

 Alan Fagner / Ascom SSP/AL

Roberison Xavier / Ascom SSP

Garantir a segurança da população vai além do policiamento investigativo ou combativo; também é possível através de ações preventivas promovidas junto à sociedade. Além de palestras e campanhas educativas, projetos sociais têm permitido que crianças e adolescentes sejam mais disciplinados, respeitosos e saibam valorizar a vida.

 

É justamente com este objetivo que a Secretaria de Estado da Segurança Pública tem incentivado projetos dentro das forças de segurança pública – um deles é o “Raiadinhos”, criado em 2022 dentro do Batalhão de Polícia de Rotam, pertencente à Polícia Militar, sob a gestão do tenente-coronel Lima Lins. Desde então, o projeto segue como uma importante ferramenta de incentivo ao esporte para crianças e adolescentes, muitos em situação de vulnerabilidade social.

 

Com o nome totalmente ligado a um dos principais símbolos do batalhão – o Raio -, a ação conta com o voluntariado de integrantes da unidade especializada, que se dedicam às aulas de Jiu-Jitsu e Taekwondo para os alunos oriundos de comunidades carentes e de escolas públicas da capital, além de dependentes de policiais.

 

O sargento Antônio Rodrigues Malta é um dos instrutores voluntários e, segundo ele, dezenas de crianças estão ou passaram pelo projeto. De acordo com o militar, elas participam das aulas no contraturno do horário escolar e também são acompanhadas junto aos representantes das unidades de ensino.

 

“A gente tem um contato direto com os professores ou diretores das escolas em que eles estudam. Como alguns pais também são docentes, facilita o monitoramento, porque eles não podem faltar às aulas e precisam ter boas notas. Essa cobrança é o mínimo que podemos fazer para motivá-los a melhorar sempre nos estudos, aliando isso à atividade esportiva”, afirmou o policial da Rotam, que durante as folgas é instrutor de Jiu-Jitsu e atua em conjunto com o sargento Wistefânio Mota da Costa, professor e atleta de Taekwondo.

 

Para ele, a prática da arte marcial ajuda também na melhoria de vida dos alunos. “Muitas dessas crianças chegam aqui indisciplinadas e após nossos treinamentos melhoram bastante o comportamento. Todos eles estão trazendo muitas surpresas positivas, se dedicando ainda mais com bastante respeito ao próximo e, claro, alcançando diversos objetivos, como por exemplo, participando de competições e conquistando medalhas”, disse o sargento Malta.

 

Um dos representantes do projeto que já subiu no pódio é o Yohan Lima Vieira, que tem 12 anos. Ele foi medalha de bronze na categoria infanto-juvenil para meninos com até 48,3 quilos da Bad Boy Classic Internacional, que ocorreu em fevereiro em Maceió. Feliz pela conquista, o atleta também reforçou a importância do projeto no seu crescimento pessoal.

 

“Eu me sinto bem e confortável, porque aprender uma arte marcial faz bem para a vida, melhora a sua disposição, o seu psicológico, a sua força, a sua resistência”, disse Yohan.

Inclusão social

 

O projeto Raiadinhos também tem um papel importantíssimo de proximidade e inclusão social. Guilherme Santos de Carvalho nasceu com uma malformação e não possui parte de uma das pernas, mas o garoto de 9 anos garante que não há diferença entre os colegas, que foram muito acolhedores quando ele chegou às aulas, há cerca de cinco meses.

 

“Tem sido uma experiência muito boa, tenho feito muitas amizades. Estou aprendendo a me defender sozinho, sem depender dos outros, tenho a dificuldade de ficar em pé, mas eu costumo lutar ajoelhado ou agachado de igual pra igual com os meus amigos, que me respeitam bastante”. Ele diz ainda que o treinamento ajuda-o a enfrentar os desafios que possam aparecer. “Eu já sofri bullying e não é bom. Com os ensinamentos, estou aprendendo a me defender em casos como esses, não com enfrentamento, mas com coragem de vencer isso”, afirmou.

 

Guilherme é filho do sargento Fabrício de Carvalho, que também é pai da Alice, que tem apenas 4 anos e também aluna do projeto. O militar sempre acompanha os treinos e se diz satisfeito com o desempenho da dupla.

 

“Pra mim é importante, porque eles aprendem tanto a defesa pessoal como a respeitar os colegas, aprendem a disciplina, concentração. O Jiu-Jitsu acaba ensinando tudo, englobando várias áreas, o desenvolvimento do corpo também. Levando em conta a deficiência do meu filho, ele aqui não teve problema nenhum, totalmente incluído em todos os sentidos”, certificou.

 

Quem também se sentiu bastante acolhido foi Andrik Santos, que está prestes a completar 14 anos de idade. Ele mora numa área periférica perto do Vale do Reginaldo e foi indicado para participar do projeto pela professora da escola onde estuda, segundo ele, por ser um aluno bastante aplicado.

 

Raiadinho há três anos, o adolescente garantiu que os treinos elevaram sua autoestima e já pensa em voar bem alto na arte marcial.

 

“Uma experiência muito boa, aprender Jiu-Jitsu foi importantíssimo para minha vida. Eu era um cara que tinha muitos medos e quando comecei a praticar o esporte me senti muito melhor, mais confortável em lidar com os problemas que possam surgir. A gente aprende a não só ter disciplina no tatame, mas também na vida. Só participei de um campeonato, mas incentivado pelos meus pais e pelos instrutores estou me preparando para participar da segunda etapa do Circuito da Liga Alagoana de Jiu-Jitsu, que deve acontecer nos próximos meses”, declarou.

 

Mais investimentos

 


O objetivo agora é possibilitar mais recursos para o projeto. Segundo o assessor de Governança da SSP, Alexandre Galvão, a ideia é reforçar a inclusão de ações sociais no planejamento estratégico da secretaria e, assim, buscar mais investimentos para o desenvolvimento deles.

 

“São trabalhos importantíssimos que têm esse olhar de proximidade e prevenção. Estamos buscando viabilizar o apoio necessário, inclusive através de parcerias junto a órgãos estaduais e federais, para que mais crianças sejam atendidas pelo Raiadinhos e que elas tenham mais qualidade na prática esportiva”, garantiu.

 

O secretário da Segurança Pública, Flávio Saraiva, também parabenizou o projeto e confirmou o empenho para ampliar os serviços sociais das forças de segurança.

 

“Vamos direcionar mais recursos que sirvam para suprir as necessidades desses projetos que tanto faz bem para a sociedade. Nós também temos outras ações, como o trabalho do Proerd [Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência] que tem recebido apoio total. Vamos planejar de forma conjunta para cuidarmos ainda mais do futuro da sociedade que são nossas crianças e adolescentes”, enalteceu o gestor.

 

Sob o comando do major Helquias Pereira, o Batalhão de Rotam segue com inscrições abertas para o projeto. Para que crianças e adolescentes participem do Raiadinhos, os pais ou responsáveis devem se dirigir à secretaria da unidade militar, que fica localizada na Rua Princesa Isabel, nº 428, no bairro do Farol, em Maceió.



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