O agronegócio do Nordeste começa a escrever um novo capítulo em sua história, voltado para a produção de biocombustíveis. A avaliação é de Bruno Wanderley, sócio e economista sênior da Datagro Markets, que destacou durante o Fórum NE, realizado pela Exame em parceria com o Banco do Nordeste, o potencial da região na diversificação da matriz energética.

Etanol de milho se consolida como aposta estratégica

O ponto de partida dessa transformação é a inauguração da usina da Inpasa, biorrefinaria de grãos instalada em Balsas, no sul do Maranhão. Com capacidade para processar 2 milhões de toneladas de milho e sorgo por ano, a planta deve produzir anualmente 925 milhões de litros de etanol, além de 490 mil toneladas de DDGS (subproduto para nutrição animal) e 47 mil toneladas de óleo vegetal.

Além disso, a escolha de Balsas não foi por acaso. O município é considerado estratégico devido à alta produtividade agrícola, à infraestrutura logística em expansão e ao potencial de inovação no setor de grãos. De acordo com o Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos (Imesc), a cidade é o segundo maior produtor de grãos do estado, com 602 mil toneladas registradas.

Potencial de novas matérias-primas

Para além do milho e do sorgo, especialistas apontam que a produção de biocombustíveis no Nordeste pode avançar com matérias-primas alternativas, como agave e macaúba.

“O Nordeste está se tornando referência em soluções sustentáveis e de baixo custo. A demanda crescente por etanol abre espaço para inovação e maior valor agregado à produção local”, destacou Wanderley.

O chefe-geral da Embrapa Maranhão, Marco Aurélio Bomfim, reforçou que pesquisas têm mostrado o potencial de plantas como o agave, tradicionalmente usado na produção de tequila, mas que pode se tornar um insumo importante para o etanol no Brasil. Segundo ele, também há avanços no uso da macaúba e na expansão do etanol de milho como alternativas viáveis.

Apoio do Banco do Nordeste

O Banco do Nordeste tem se posicionado como parceiro fundamental desse movimento. O superintendente de agronegócio e microfinança rural da instituição, Luiz Sérgio Farias Machado, afirmou que o banco irá apoiar todas as iniciativas voltadas para agroindústrias de etanol e biocombustíveis.

“Isso está alinhado à política de diversificação da produção do cerrado e ao fortalecimento da bioenergia como motor de desenvolvimento regional”, afirmou Machado.

O biocombustível de Macaúba é um dos estudos da UFLA
O biocombustível de Macaúba é um dos estudos da UFLA. Foto: Divulgação.

LEIA MAIS – Alagoas ganha Complexo de Biorrefinarias de melaço de cana

Nordeste já participa da produção nacional

Apesar de representar apenas 5,7% da produção total de etanol do Brasil na safra 2023/24, o Nordeste tem tradição na produção a partir da cana-de-açúcar, com destaque para Alagoas, Pernambuco e Paraíba. Entretanto, agora, com a chegada de novos investimentos e tecnologias, o cenário aponta para expansão significativa.

Portanto, com o avanço das pesquisas, da infraestrutura e dos aportes privados e públicos, o Nordeste desponta como uma fronteira promissora para a bioenergia. Afinal, o etanol de milho, o bioquerosene e outras alternativas têm o potencial de transformar não apenas o setor agrícola, mas também a matriz energética nacional, reforçando o protagonismo da região no futuro sustentável do Brasil.

LEIA TAMBÉM



Source link

Compartilhar.
Exit mobile version