Crédito, Getty Images
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- Author, Jake Lapham e Jamie Whitehead*
- Role, BBC News
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O presidente dos EUA, Donald Trump, fechou um acordo comercial com a União Europeia neste domingo (27/7), após reuniões com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na Escócia.
As tarifas dos EUA sobre os produtores europeus serão de 15% em todos os setores.
Trump havia ameaçado anteriormente uma tarifa de 30% contra os europeus. Ele disse ainda que o bloco de 27 membros abriria seus mercados para os exportadores dos EUA, com tarifa zero sobre determinados produtos.
Mais cedo, o presidente americano havia confirmado que as novas tarifas dos EUA entram em vigor em 1º de agosto.
Trump também declarou que está “olhando para três ou quatro outros países” com os quais também pretende fechar acordos, sem especificar quais.
Além da União Europeia, Trump fechou acordos tarifários com o Reino Unido, Japão, Indonésia, Filipinas e Vietnã, embora não tenha alcançado sua meta de “90 acordos em 90 dias”.
O que diz o acordo UE-EUA
O acordo dos EUA com a UE inclui promessas de investimentos no valor de bilhões de dólares e compras de energia por parte dos europeus.
Segundo Trump, a UE comprará US$ 750 bilhões em energia, além de aumentar o investimento geral nos EUA em US$ 600 bilhões.
Esse investimento, ao longo dos próximos três anos, em gás natural liquefeito, petróleo e combustíveis nucleares americanos ajudaria a reduzir a dependência europeia de fontes de energia russas, disse Von der Leyen.
Alguns produtos não terão tarifas, incluindo aeronaves e peças de aviões, determinados produtos químicos e alguns produtos agrícolas. Um acordo separado sobre semicondutores pode ser anunciado em breve.
Mas uma tarifa de 50% imposta pelos EUA sobre aço e alumínio em todo o mundo permanecerá em vigor, segundo Trump.
O presidente dos EUA classificou o acordo como o “maior já feito”
Trump anunciou o acordo ao falar com jornalistas em seu resort de golfe em Turnberry, na Escócia, logo após uma breve reunião com Ursula von der Leyen.
“Isso vai nos aproximar… é uma parceria, de certo modo”, acrescentou Trump.
O presidente americano também disse que o acordo será “ótimo para carros” e terá grande impacto na agricultura.
A chefe da UE celebrou o acordo, chamando-o de um “grande negócio”, alcançado após “negociações difíceis”.
“No primeiro de agosto, estaríamos em 30%, e teria sido muito mais difícil reduzir para 15%”, disse Ursula von der Leyen.
A tarifa de 15% será um “desafio”, afirmou ela, mas o acordo “nos dá acesso aos mercados americanos”.
O comércio de bens entre a União Europeia e os Estados Unidos totalizou cerca de US$ 976 bilhões no ano passado. Os EUA importaram cerca de US$ 606 bilhões em bens da UE e exportaram aproximadamente US$ 370 bilhões em 2024.
Análise: Os dois lados vão anunciar ‘vitória’
Por Jonathan Josephs, repórter de economia da BBC News
Após semanas de negociações tensas entre seus principais representantes comerciais, a União Europeia e os Estados Unidos finalmente fecharam um acordo.
No fim das contas, foi necessário que seus líderes se sentassem frente a frente para chegar a um consenso.
Isso também foi visto em outros acordos firmados pelo presidente Trump — seu envolvimento pessoal foi o que garantiu o avanço das negociações, mesmo quando parecia que um acordo não seria possível.
O fato de o acordo ter sido alcançado é importante para ambos os lados, já que muitas empresas e empregos dependem do que a UE chama de “a maior relação bilateral de comércio e investimento do mundo”.
Tanto o presidente Trump quanto a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, podem apresentar isso como uma espécie de vitória.
Para a União Europeia, as tarifas poderiam ter sido piores — 15% em vez dos 30% que haviam sido ameaçados —, embora não tão favoráveis quanto a taxa de 10% aplicada ao Reino Unido.
Para os EUA, isso representa a expectativa de cerca de US$ 90 bilhões em arrecadação tarifária com base nos números de comércio do ano passado, além de US$ 600 bilhões de investimentos que agora devem entrar no país.
*Com Vitor Tavares, da BBC News Brasil, e Sarah Smith, da BBC News