A estratégia articulada nos bastidores por aliados de Eduardo Bolsonaro para evitar a perda de seu mandato na Câmara dos Deputados começou a ruir antes mesmo de ser colocada em prática. O plano consistia em afastar temporariamente o parlamentar do Legislativo por meio de uma nomeação em uma secretaria de Estado. Com isso, o julgamento que pode levar à cassação de seu mandato seria adiado.

A manobra, segundo fontes próximas ao deputado, teria como objetivo garantir tempo para articulações políticas e reduzir a pressão institucional sobre o caso. Para isso, pelo menos três governadores teriam sido sondados para abrigar o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro em suas gestões: Tarcísio de Freitas, Jorginho Mello  e Cláudio Castro .

No entanto, os governadores demonstraram resistência à ideia. A avaliação entre eles é de que o gesto teria alto custo político e poderia comprometer suas gestões, ao vinculá-las diretamente a uma tentativa de blindagem política. Tarcísio de Freitas, por exemplo, tem procurado manter certa distância de desgaste da família Bolsonaro, apesar da aliança com o grupo. Jorginho Mello, por sua vez, também não sinalizou disposição para acolher o deputado. Já Cláudio Castro, embora alinhado com o bolsonarismo, enfrenta seus próprios desafios no Rio de Janeiro e não quer somar novos focos de crise à sua administração.

A tentativa de nomeação foi ventilada com mais força nas últimas semanas, à medida que crescem os indícios de que Eduardo Bolsonaro poderá ser incluído em processos que tratam de suposta tentativa de golpe e articulação antidemocrática após as eleições de 2022. O movimento lembraria o caso de Daniel Silveira, que chegou a ser nomeado para um cargo no governo do Rio, também como forma de driblar decisões judiciais, mas que terminou por ampliar seu desgaste.

O cenário atual aponta que Eduardo Bolsonaro terá que enfrentar o processo no Conselho de Ética da Câmara sem o “plano B” da licença. A tendência é que o julgamento avance no segundo semestre. Lideranças do PL já manifestaram preocupação com os efeitos da crise, sobretudo pelo impacto nas eleições municipais de 2024 e na imagem do partido.

A defesa do deputado, até o momento, evita comentar publicamente a articulação frustrada. Nos bastidores, porém, interlocutores avaliam que novas estratégias serão buscadas para tentar conter o avanço do processo e preservar o mandato.



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