Quem foi José Gomes, o “Cabeleira”?

Muito antes de Virgulino Ferreira, o Lampião, se tornar o rei do cangaço, o Nordeste já conhecia o medo na figura de José Gomes, mais conhecido como Cabeleira. Nascido por volta de 1751 em Pernambuco, ele é considerado por muitos estudiosos como o primeiro cangaceiro da história brasileira, sendo o precursor do que viria a se consolidar como o fenômeno do cangaço no século XIX e início do XX.

Filho de José Gomes (pai), conhecido como “João Cabeleira”, José cresceu em uma realidade marcada pela miséria, violência e ausência de Estado — ingredientes perfeitos para a eclosão do banditismo sertanejo. Desde cedo, aprendeu a manejar armas e seguir o caminho do crime.

O terror no Sertão de Pernambuco

A atuação de Cabeleira e seu bando teve como palco principal o sertão de Pernambuco, especialmente as regiões próximas a Glória do Goitá, Nazaré da Mata e Carpina. Conhecido por sua extrema crueldade, Cabeleira cometia assaltos, assassinatos e saqueava vilarejos inteiros, espalhando medo entre os sertanejos.

Seu visual também causava impacto: cabelo longo e desgrenhado (daí o apelido), rosto fechado e comportamento selvagem. Foi um personagem lendário, posteriormente imortalizado na literatura popular e no cordel.

Prisão e execução

Depois de anos aterrorizando a região, Cabeleira foi capturado em 1776, julgado e condenado à morte. Sua execução aconteceu no Recife, e atraiu grande atenção popular. Ele teria morrido arrependido, segundo relatos da época, mas sua figura se tornou um símbolo do bandido perverso, diferentemente de Lampião, que mais tarde teria contornos de “justiceiro” entre alguns seguidores.

Cabeleira na cultura popular

A história de José Gomes virou romance, teatro, cinema e literatura de cordel. Um dos marcos foi a publicação do romance “O Cabeleira”, de Franklin Távora (1876), que ajudou a consolidar a imagem do personagem como um tipo lendário, ao mesmo tempo real e simbólico da luta entre barbárie e civilização no sertão nordestino.

CABELEIRA
CABELEIRA

Diferenças entre Cabeleira e Lampião

Característica Cabeleira Lampião
Período de atuação Século XVIII (1750–1776) Século XX (1920–1938)
Região principal Pernambuco Bahia, Pernambuco, Sergipe, Alagoas
Motivações Banditismo puro, saques e medo Mistura de vingança, poder e política
Figura histórica Pouco romantizada Mito popular, herói para alguns
Fim Executado após julgamento Morto em emboscada policial

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Como visitar os lugares históricos ligados a Cabeleira

Embora muitos registros da vida de Cabeleira se tenham perdido no tempo, é possível percorrer trilhas históricas em cidades como Glória do Goitá, onde há registros orais de sua passagem. O Recife Antigo, onde ele foi julgado e executado, também guarda vestígios do período colonial.

Estudar a trajetória de Cabeleira é fundamental para entender as raízes do cangaço no Brasil, além das estruturas de desigualdade social que fomentaram esse tipo de violência. Ele é o retrato da exclusão e da barbárie institucionalizada que, mais tarde, ganharia outras faces, como a de Lampião e Maria Bonita.

Portanto, José Gomes, o Cabeleira, é mais do que um personagem de romance ou cordel. Afinal, ele representa um capítulo sombrio e real da história brasileira. Ao reconhecê-lo como o primeiro cangaceiro, damos luz à complexidade do sertão e às causas profundas do cangaço: abandono, injustiça e sobrevivência.

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