A Câmara dos Deputados pode votar ainda hoje (15) o Projeto de Lei 2159/2021, que propõe mudanças profundas no licenciamento ambiental brasileiro. A proposta, já aprovada pelo Senado, simplifica e acelera a liberação de empreendimentos, mas especialistas alertam para riscos graves, especialmente no Nordeste, onde biomas sensíveis e comunidades tradicionais podem ser diretamente afetados.

O que muda com o novo marco do licenciamento ambiental?

A princípio, o projeto introduz mecanismos como a Licença Ambiental Especial (LAE) e o autolicenciamento (LAC). Dessa forma, reduz a análise técnica e a participação social. Assim, confira as principais alterações:

Ponto da Proposta Implicações
Licença Ambiental Especial (LAE) Pode ser concedida mesmo para projetos de alto impacto, se considerados “estratégicos” pelo governo.
Autolicenciamento (LAC) Empresas emitem suas próprias licenças com autodeclarações, sem análise detalhada.
Licenciamento em etapa única Elimina as fases prévia, de instalação e operação, reduzindo o controle sobre os impactos.
Fim da consulta a povos tradicionais Indígenas, quilombolas e comunidades afetadas podem não ser ouvidos antes da aprovação de obras.
Fragilização do Sisnama Enfraquece órgãos ambientais, reduzindo fiscalização e proteção de áreas críticas.

Nordeste em Risco: Biomas e comunidades sob ameaça

A região abriga ecossistemas frágeis como a Mata Atlântica, caatinga e manguezais, além de povos indígenas, quilombolas e pescadores artesanais. Com a flexibilização, grandes obras de infraestrutura, agronegócio e mineração podem avançar sem estudos aprofundados, colocando em risco:

  • Recursos hídricos (como aquíferos e rios);

  • Biodiversidade (espécies ameaçadas e habitats naturais);

  • Sustento de comunidades tradicionais.

No Maranhão, por exemplo, projetos no litoral e em áreas rurais poderiam ter aprovação sem diálogo com as populações locais, aumentando conflitos socioambientais.

Câmara pode votar flexibilização do licenciamento ambiental ainda hoje.

LEIA MAIS – Exploração da Margem Equatorial pode transformar economia do Nordeste

O que acontece se ocorrer a aprovação do PL?

Ministério do Meio Ambiente já sinalizou preocupação, destacando 40 pontos críticos no texto. João Paulo Capobianco, secretário-executivo da pasta, alerta:
“O projeto pode causar danos irreversíveis ao sistema ambiental brasileiro, enfraquecendo a Lei da Mata Atlântica e ignorando compromissos internacionais.”

A votação ocorre às vésperas da COP30, que ocorre em Belém (PA). Desse modo, levanta questionamentos sobre a coerência do Brasil em políticas climáticas.

Caso a Câmara aprove o texto, ele segue para sanção presidencial. O governo federal já avalia vetos parciais, mas a pressão de ruralistas e setores econômicos pode garantir sua implementação.

Enquanto isso, movimentos sociais e ambientalistas se mobilizam para barrar o que chamam de “pacote de destruição”, defendendo um modelo de desenvolvimento que respeite os limites da natureza e as vozes das comunidades.

Em suma, a flexibilização do licenciamento pode agilizar obras, mas coloca em risco conquistas ambientais de décadas. Num momento de crise climática global, o Brasil precisa equilibrar crescimento e preservação – e não abrir mão dela.

LEIA TAMBÉM
Nordeste 3 locais no ranking de destinos de inverno para turistas latino-americanos
João Pessoa ganhará Parque Terra dos Dinos; veja como é
Ceará lidera alfabetização infantil no Brasil
Estado do Nordeste é o 2º do Brasil em crescimento da indústria

O post Flexibilização do licenciamento ambiental: O que está em jogo no Brasil? apareceu primeiro em Portal NE9.



Source link

Compartilhar.
Exit mobile version