Carros e prédio destruídos

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Danos na cidade israelense de Ramat Gan

A Guarda Revolucionária Islâmica do Irã confirmou nesta sexta-feira (13/06) que realizou ataques contra “dezenas de alvos, centros militares e bases aéreas” em Israel.

De acordo com as forças israelenses, o Irã disparou menos de 100 mísseis — a maioria foi interceptada ou não conseguiu atingir seu alvo.

“Um número limitado de edifícios foi atingido, alguns devido a estilhaços de operações de interceptação”, afirmaram as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês).

Algumas fotos mostram prédios bastante danificados em Israel.

Quarenta pessoas estão sendo tratadas em hospitais israelenses por conta dos ataques, duas delas em estado grave.

Por volta de 19h30 de sexta-feira em Brasília, as IDF orientaram a população israelense a voltar para abrigos.

“Há pouco, as IDF identificaram mísseis lançados do Irã em direção ao território do Estado de Israel”, disse a instituição em um comunicado.

Mais cedo, por volta de 16h30 em Brasília, um porta-voz do exército israelense emitiu um comunicado afirmando que a população do país podia deixar os abrigos, desde que ficasse em suas proximidades.

“Após avaliar a situação, o Comando da Frente Interna emitiu instruções de que é possível deixar a área protegida e permanecer próximo a ela em todas as regiões do país”, diz o comunicado.

‘Bastante destruição’ em Tel Aviv

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Mísseis lançados do Irã são interceptados em Tel Aviv

Duas fontes do governo americano afirmaram à agência de notícias Reuters que os EUA ajudaram Israel a abater mísseis iranianos.

De acordo com o comunicado traduzido da Guarda Revolucionária, o Irã chamou a operação de “Promessa Verdadeira 3”.

O serviço de ambulância Magen David Adom de Israel afirmou que estava fazendo buscas por pessoas e locais atingidos pelo ataque na região metropolitana de Tel Aviv.

A jornalista da BBC Ione Wells, que está em Jerusalém, relatou mais cedo ter visto dois drones voarem nas proximidades e ouviu uma explosão.

“Momentos antes, sirenes e alertas de emergência dispararam, sinalizando às pessoas que ficassem próximas a abrigos”, conta Wells.

Gideon Levy, jornalista que vive em Tel Aviv, afirmou à BBC que, apesar de até o momento não haver mortes confirmadas, houve “bastante destruição” na cidade.

“Ouvimos explosões bem altas. Não foi uma sensação muito agradável”, disse Levy, que trabalha no jornal israelense Haaretz.

“Houve pelo menos dois casos em que [mísseis] caíram diretamente sobre prédios e os destruíram parcialmente. Não houve vítimas, mas pessoas ficaram feridas. E houve bastante destruição.”

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Pessoas se abrigam em Tel Aviv durante ataque do Irã

Nessa sexta, em pronunciamento, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu afirmou que “mais está por vir”

“O regime [iraniano] não sabe o que o atingiu, ou o que o atingirá. Nunca esteve tão fraco”, disse o primeiro-ministro, acrescentando que Israel está mirando a liderança do Irã, e não sua população.

O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, criticou que os mísseis iranianos tenham atingido áreas civis.

“O Irã cruzou linhas vermelhas ao ousar disparar mísseis contra aglomerações populacionais civis em Israel”, afirmou Katz em um comunicado.

“Continuaremos a defender os cidadãos de Israel e garantiremos que o regime dos aiatolás pague um preço muito alto por suas ações hediondas”, acrescentou, referindo-se a Ali Khamenei.

Como foi o ataque israelense contra o Irã

“Hoje, o Irã está mais perto do que nunca de obter uma arma nuclear. Armas de destruição em massa nas mãos do regime iraniano representam uma ameaça existencial ao Estado de Israel e uma ameaça significativa ao resto do mundo”, argumento as IDF.

A mídia estatal iraniana diz que 78 pessoas foram mortas somente na capital, Teerã, e mais de 300 ficaram feridas.

Morreram também pessoas com altos cargos no regime, como Hossein Salami, chefe do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica; Mohammad Bagheri, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas do Irã; e ao menos seis cientistas nucleares, incluindo Fereydoon Abbasi, ex-chefe da agência nuclear do país.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Teerã não sofria ataques tão graves desde a década de 1980

A morte de Salami foi particularmente um duro golpe para Teerã. A Guarda Revolucionária Islâmica (GRI) é uma força militar estratégica, política e econômica no Irã, com laços estreitos com o líder supremo do país.

A capital iraniana não sofria ataques tão graves desde o fim da Guerra Irã-Iraque, na década de 1980.

Embora os ataques entre Israel e Irã tenham sido frequentes nos últimos anos, raramente afetaram diretamente áreas residenciais ou centros urbanos como dessa vez.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou em pronunciamento que o ataque “atingiu o coração do programa de enriquecimento nuclear do Irã” e teve como alvo cientistas iranianos que trabalhavam no desenvolvimento de bombas.

A principal instalação de enriquecimento do Irã, na cidade de Natanz, a cerca de 225 km ao sul da capital Teerã, foi atacada, disse Netanyahu.

O que se sabe sobre o programa nuclear do Irã?

Teerã afirma há anos que seu programa nuclear tem exclusivamente fins civis.

Apesar das alegações, vários países, bem como a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o principal órgão de fiscalização nuclear global, duvidam que o programa seja exclusivamente para fins pacíficos.

Esta semana, o conselho da agência declarou formalmente que o Irã está violando suas obrigações de não proliferação nuclear pela primeira vez em 20 anos.

A agência citou “múltiplos descumprimentos” por parte do Irã, incluindo a falta de respostas claras sobre material nuclear não declarado e a quantidade de urânio enriquecido em sua posse.

Um relatório anterior da AIEA observou que o Irã enriqueceu urânio a 60% de pureza — um nível próximo ao de grau militar, o suficiente para fabricar até nove bombas nucleares.

O Irã, por sua vez, chamou a resolução da AIEA de “política”.

Falando dos ataques israelenses a instalações nucleares do Irã, o chefe da AIEA afirmou que os fatos são “profundamente preocupantes”.

Em declaração aos membros do conselho, Rafael Grossi disse: “Tenho afirmado repetidamente que instalações nucleares jamais devem ser atacadas, independentemente do contexto ou das circunstâncias, pois isso pode prejudicar tanto as pessoas quanto o meio ambiente”.

“Tais ataques têm sérias implicações para a segurança, a proteção e as salvaguardas nucleares, bem como para a paz e a segurança regionais e internacionais.”

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Instalação nuclear no Irã; um relatório da AIEA afirmou que o Irã enriqueceu urânio a 60% de pureza — um nível próximo ao de grau militar

Qual é o papel dos EUA no conflito?

Um porta-voz das Forças Armadas iranianas acusou os EUA de colaborar nos ataques israelenses, segundo a mídia estatal iraniana.

No entanto, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, negou qualquer envolvimento de Washington e afirmou que Israel comunicou que “esta ação era necessária para sua autodefesa”.

Enquanto isso, Donald Trump instou o Irã a chegar a um acordo sobre seu programa nuclear.

O presidente americano comentou em sua rede social, a Truth Social, que deu a Teerã “uma oportunidade atrás da outra”.

As negociações entre os Estados Unidos e o Irã por um acordo nuclear estão estagnadas e tinham uma sexta rodada prevista para o próximo domingo (15/06).

Em meio as ataques entre Israel e Irã, o governo dos EUA anunciou a evacuação de funcionários em funções não essenciais de sua embaixada em Bagdá, no Iraque, devido ao aumento dos riscos de segurança.



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