Já haviam passado quatro horas desde que a influenciadora digital Silvia Braz se sentara no camarim montado dentro de sua suíte, em seu apartamento de 300 m² na Avenida Vieira Souto, no Rio de Janeiro, no domingo de Carnaval. Diante dela, havia uma bancada com pincéis, secadores de cabelo e dezenas de embalagens de marcas internacionais. Cerca de trinta pessoas que integravam sua entourage naquele dia circulavam pelo ambiente, sem contar os amigos dela e das filhas mais velhas, Maria Vitória, de 24 anos, e Maria Antônia, de 19 (a caçula, Maria Isabela, de 11 anos, estava com o pai em Guarapari). Todos se preparavam para os desfiles do Grupo Especial do Rio de Janeiro, na Marquês de Sapucaí.
Vestida com um roupão de oncinha, ela mexia no telefone, brincava com o videomaker e comia um cachorro-quente, se esforçando para não atrapalhar a maquiagem. “Isso é o que mais me cansa.” Sua voz tem sinais de fadiga, com ligeira rouquidão. “Põe aí na entrevista: quanto mais a gente trabalha, quanto mais sucesso faz, mais a gente fica careca.” Na cestinha embaixo da pia, entre vidros de esmaltes e perfumes de grife, alcança os frascos de vitaminas para aplacar a queda capilar (já perdeu 70% dos fios). “Tenho que usar isso. Estou praticamente careca, com aplique daqui até aqui, tudo colado. Quando arranco a cola, arranco um monte de cabelo junto”, conta, apontando quase todo o volume que vai exibir aquela noite como musa no N°1, tradicional camarote da passarela do samba. Ela então se olha no espelho, procurando o melhor ângulo do rosto. “São as escolhas da vida, amor. E eu não tenho como parar hoje.”
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piauí, dona do próprio nariz