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A Polícia Técnico-Científica de São Paulo confirmou a presença de metanol em bebidas de duas distribuidoras do Estado.
Uma força-tarefa foi criada para investigar as intoxicações causadas pela substância e 17 fiscalizações da Vigilância Sanitária, Procon-SP e Polícia Civil foram realizadas em bares, adegas e distribuidoras na semana passada.
As investigações buscam saber agora se foram dessas duas distribuidoras que saíram as bebidas que causaram as mortes registradas no Estado de São Paulo.
Segundo dados divulgados pelo governo estadual na noite desta segunda-feira (06/10), há 15 casos confirmados de intoxicação com metanol, incluindo dois óbitos (homens de 54 e 46 anos, residentes da capital paulista).
Em seu balanço, o governo estadual contabilizou 164 casos em investigação, incluindo seis óbitos suspeitos.
Entretanto, a Prefeitura de São Bernardo do Campo confirmou na mesma noite a morte de uma mulher de 30 anos que estava internada, o que levaria o número de óbitos confirmados no Estado para três.
A notificação de uma morte normalmente ocorre primeiro à prefeitura e depois aos governos estadual e federal.
A principal linha de investigação é o uso de metanol para aumentar o volume de bebida adulterada. No entanto, a contaminação por metanol usado na limpeza de garrafas reaproveitadas também é uma hipótese.
O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou que, até o momento, “não há nenhum indício de participação” do Primeiro Comando da Capital (PCC) nas contaminações.
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Isso porque, segundo Derrite, as pessoas que foram presas no âmbito da investigação até agora não têm relação com a facção criminosa, e os lugares onde foram constatadas bebidas adulteradas são distintos.
Somente na semana passada, 20 pessoas foram presas.
Segundo afirmou em entrevista coletiva nesta segunda-feira o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o principal fornecedor de insumos para falsificação de bebidas do Estado está entre os detidos.
No entanto, até agora não se sabe a origem do metanol.
“No dia que começarem a falsificar Coca-Cola, eu vou me preocupar”, brincou o governador na entrevista, após mencionar nomes de fabricantes de bebidas alcoólicas que estão se mobilizando por medidas contra a falsificação desses produtos.
No fim de agosto, a Polícia Federal, a Receita Federal e órgãos como o Ministério Público de São Paulo (MPSP) deflagraram a Operação Carbono Oculto. As investigações apontaram que o PCC utilizava combustível adulterado com metanol importado irregularmente para lavar o dinheiro do crime.
Segundo o governador, onze estabelecimentos de comércio de bebidas, bares, adegas e distribuidoras foram interditados cautelarmente devido à constatação de bebidas sem comprovação de origem, para a averiguação da procedência dos produtos.
Além disso, outros oito estabelecimentos tiveram inscrições estaduais suspensas cautelarmente, sendo seis 6 distribuidoras e dois bares.
Segundo divulgou o Ministério da Saúde na noite desta segunda-feira, o Brasil tem 17 casos de intoxicação confirmados (15 em São Paulo e 2 no Paraná), incluindo as duas mortes confirmadas pelo governo de São Paulo.
O número de mortes confirmadas pelo ministério ainda não inclui o óbito de uma mulher em São Bernardo do Campo.
Além disso, há 200 casos em investigação no país, incluindo 12 mortes suspeitas (6 em São Paulo, 3 em Pernambuco, 1 no Mato Grosso do Sul, 1 na Paraíba e 1 no Ceará).