Por Marcos Cardoso*
Bolsonaro é incorrigível, não tem Papuda que dê jeito. Se é tão difícil ressocializar um preso no Brasil, este é um caso perdido. Desde sempre, o capitão de pijama comete crimes, esteja no Exército, na Câmara dos Deputados, no Palácio do Planalto ou em prisão domiciliar, condenado ou não. É um criminoso contumaz.
A IA não poderia ser mais precisa: um “criminoso contumaz” é um indivíduo que comete crimes de forma habitual e reiterada, demonstrando uma tendência a praticar atos criminosos de forma persistente. O termo descreve alguém que, mesmo após condenações anteriores, continua a se envolver em atividades criminosas, muitas vezes fazendo do crime seu estilo de vida.
É o estilo de vida do sujeito, que responde ou já respondeu a mais de 600 processos. Bolsonaro é reincidente, desrespeita continuamente as normas e as leis praticando crimes de forma repetida e frequentemente, não se arrepende do que faz e é perigoso para a sociedade.
Pela sua ficha corrida, por ser um criminoso contumaz, é merecedor de medidas cautelares, como a prisão preventiva, para evitar a reiteração criminosa. Mas a prisão definitiva está demorando muito.
A Polícia Federal acaba de indiciá-lo por mais dois crimes, ele e o filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por coação no curso do processo e abolição violenta ao Estado Democrático de Direito. Bolsonaro em prisão domiciliar em Brasília e o filho diretamente dos Estados Unidos atuaram para pressionar o Supremo Tribunal Federal e tentar livrá-lo do julgamento.
Na carona da investigação, descobriram que ele movimentou, no período de março de 2023 a junho de 2025, milionária quantia superior a R$ 44 milhões. As movimentações foram identificadas por meio de comunicações do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), que aponta indícios de lavagem de dinheiro e outros crimes econômicos.
Suspeita-se que há crime aí porque Bolsonaro tem um passado de indicativos de ilicitudes sempre que há dinheiro na jogada. O clã Bolsonaro adulterou notas fiscais de combustível, empregou funcionários fantasmas, praticou rachadinhas, comprou dezenas de imóveis com dinheiro vivo. E dinheiro, como se diz no jargão, não fala.
Em julho, quando ganhou a tornozeleira eletrônica e a prisão domiciliar, ele e o filho já haviam sido indiciados por atentado à soberania nacional e à independência do Poder Judiciário. A operação da PF na casa de Bolsonaro, no Rio de Janeiro, e na sede do PL, em Brasília, ocorreu após a taxação de 50% aos produtos brasileiros imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Na ação mais importante a que responde, é réu e aguarda condenação pelo STF por golpe de estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada, deterioração de patrimônio tombado e dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, com considerável prejuízo para a vítima.
Já é inelegível desde junho de 2023, quando condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral por abuso do poder político e de uso indevido dos meios de comunicação, após uma reunião com embaixadores estrangeiros, em julho de 2022, transmitida pela TV Brasil, para atacar o sistema eleitoral.
E também por abuso do poder político e econômico por ter usado recursos públicos durante as comemorações do Dia da Independência de 2022 para fazer campanha eleitoral.
No mês passado, Bolsonaro foi novamente condenado, agora pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal, a pagar R$ 150 mil por imagens de crianças “fazendo arminha” e fala sobre “pintar um clima” com meninas venezuelanas.
E já foi várias vezes condenado a indenizar jornalistas por dano moral ou incitação sexual, inclusive contra a deputada Maria do Rosário (PT-RS), depois de dizer que não a estupraria por sua aparência.
Desde agosto de 2021, Bolsonaro está incluído no inquérito das fake news, que apura a disseminação de notícias falsas e ataques a ministros do STF. E é investigado por vazar informações da PF sobre um ataque hacker aos sistemas do TSE.
Não esqueçamos que o cujo também é investigado e pode ser incluído em denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República no caso do desvio de joias destinadas à Presidência. Ufa!
Se há uma qualidade em Bolsonaro é que ele nunca negou quem é, desde quando defendeu que daria um golpe caso fosse eleito presidente, passando pela defesa explícita do torturador Brilhante Ustra, até afirmar que usava o auxílio-moradia de deputado para “comer gente”.
O que ainda espanta é que tantos cristãos continuem o idolatrando como a um mito.
*Marcos Cardoso é jornalista. Autor de “Sempre aos Domingos – Antologia de textos jornalísticos” (Editora UFS, 2008), do romance “O Anofelino Solerte” (Edise, 2018) e de “Impressões da Ditadura” (Editora UFS, 2024). marcoscardosojornalista@gmail.com
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