Um programa de computador que gerencia a logística de cirurgias, o OPMEx, é a primeira patente do Hospital das Clínicas da UFPE registrada no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi), sendo válida pelos próximos 50 anos. Essa experiência gerou um fluxo na Gerência de Ensino e Pesquisa (GEP) para o registro de futuras propriedades intelectuais no hospital. O HC é uma unidade vinculada à Empresa Brasileira de Serviço Hospitalares (Ebserh).
“O OPMEx é um aplicativo criado para facilitar a gestão e o planejamento cirúrgico dentro do hospital. Com ele, o médico pode planejar as cirurgias do mês seguinte e já indicar os materiais necessários. Essas informações chegam direto ao almoxarifado, que organiza o pedido e atende de acordo com as cotas de cada clínica solicitante”, explica um dos autores do aplicativo, Diego Fernandes, que é assistente administrativo do HC. O outro autor é o gerente administrativo do HC, Wagner Cordeiro.
Fernandes relata que a ideia nasceu da observação de um problema cotidiano: médicos, gestores e almoxarifado trabalhavam de forma descentralizada. Essa falta de integração, muitas vezes, criava ruídos de comunicação, desperdícios de material e até atrasos no fluxo de preparo. “Em alguns casos, poderia até mesmo levar à necessidade de remarcar cirurgias — algo desgastante tanto para as equipes quanto para os pacientes. O OPMEx foi pensado justamente para evitar esse tipo de situação, oferecendo uma forma simples de reunir tudo em um só sistema”, comenta Diego Fernandes.
Na prática, o sistema não apenas centraliza os dados em um só lugar, mas também ajuda a organizar e tornar todo o processo mais ágil, previsível e seguro – desde o planejamento até a realização da cirurgia.
Em operação
O OPMEx passou por uma fase de testes internos por vários meses e, neste mês, começou a ser utilizado oficialmente no HC. “Os primeiros resultados têm mostrado ganhos importantes, como pedidos mais organizados, melhor controle de materiais e maior segurança para as cirurgias”, afirma Diego.
“Ver o OPMEx em funcionamento e ainda com a patente registrada é muito gratificante. É a prova de que uma ideia simples, nascida de uma necessidade real do dia a dia, pode transformar a rotina do hospital. O aplicativo traz mais eficiência, evita desperdícios e dá segurança tanto para médicos quanto para pacientes. A patente reforça que se trata de algo original e com potencial de impacto em larga escala”, completa Diego Farias.
Fluxo para registro
O ineditismo gerou também um modelo de fluxo na Gerência de Ensino e Pesquisa (GEP) do HC para o registro de propriedade intelectual junto ao Inpi e pode ser conferido dentro do Manual de Projetos de Inovação.
A criação do fluxo de registro de inovação no HC representa um marco para a consolidação da normatização institucional da inovação no hospital. Esse processo foi construído de forma coletiva pela equipe da Ugits e do Sgpits, ligados à GEP, com o propósito de estruturar e dar visibilidade à importância da propriedade intelectual como estratégia para valorizar as pesquisas desenvolvidas aqui.
“Com esse fluxo, conseguimos não apenas organizar e padronizar a tramitação dos projetos de PD&I, mas também assegurar a adequada proteção da propriedade intelectual das partes envolvidas, fortalecendo o papel do HC como uma Instituição de Ciência e Tecnologia. Outro aspecto fundamental foi a aproximação e sensibilização de pesquisadores, servidores, funcionários e alunos em relação à temática da inovação, estimulando uma cultura mais aberta ao registro e à valorização dos resultados”, explica a chefe da Ugits, Erika Facundes.
A gestora destaca que a estruturação do fluxo “traz segurança jurídica e promove a política do ganha-ganha, em que todos os envolvidos saem beneficiados, construindo soluções mutuamente satisfatórias e sustentáveis, o que amplia as possibilidades de parcerias estratégicas”.
Erika Facundes ressalta o aprendizado com a construção de processos, como esse. “Estamos vivendo uma fase de amadurecimento e de fortalecimento da cultura de inovação, que é um legado institucional e precisa permanecer para além das gestões. Esse movimento fortalece o ecossistema e a visão do HC como protagonista em todas as etapas do processo de inovação, da prospecção de ideias ao registro e valorização dos resultados“, afirma.
Há também a busca ativa por parte da GEP. “Fazemos a prospecção dos pesquisadores sempre que identificamos no Rede Pesquisa a submissão de um projeto de pesquisa com perfil de inovação. Contatamos o pesquisador principal por e-mail e iniciamos o contato. E ofertamos o serviço de consultoria sobre inovação através do ‘Alô, GEP’”, concluiu Erika.
Sobre a Ebserh
O HC-UFPE faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.