
Não. Essa não é uma opinião sobre o Bolsonarismo ou o Lulismo. Ou sobre Direita e Esquerda. A análise aqui está circunscrita à estratégia política para as eleições de 2026, especificamente àquela que deverá ser adotada pelas oposições na Paraíba.
É que nas últimas semanas tem se ampliado a aproximação do senador Efraim Filho (UB) na direção da ala bolsonarista, das oposições, no Estado. Tanto o senador como o presidente estadual do PL, Marcelo Queiroga, não negam as conversas.
O movimento, contudo, desagrada a outros nomes da oposição. E cá pra nós: caso seja concretizado, é ruim para o grupo.
A primeira questão a considerar é que ele não faz sentido. Não agrega ao grupo nesse primeiro momento. É que do ponto de vista ideológico e de relações entre os atores políticos envolvidos, o eleitor de Bolsonaro já possui uma tendência a votar na oposição paraibana.
Em um eventual segundo turno, essa adesão ocorreria por similaridade. Foi o que aconteceu em 2022, quando o ex-deputado Pedro Cunha Lima (PSD) disputou o Governo.
Aliás, Pedro tem mantido a mesma postura: uma posição de independência quanto ao debate nacional, ou de distanciamento com o lulismo e/ou o bolsonarismo. E registre-se: essa posição contribuiu para ele chegasse ao 2º turno naquele ano, conseguindo aproximação com eleitores da Direita e da Esquerda.
Uma performance que, caso ocorra um movimento na direção do bolsonarismo, não será possível em 2026 por aquele que disputar o Governo estadual pela oposição.
Um outro dado está no resultado das eleições de 2024.
Em todo o país o eleitor deixou o recado que busca nomes que consigam fugir da dicotomia superficial entre Esquerda x Direita. Em João Pessoa as pesquisas Quaest mostraram esse sentimento, facilitando a reeleição do prefeito Cícero Lucena (PP).
E, por último, o desgaste interno. A aproximação desestabiliza um grupo que vem mantendo a unidade desde 2022, por deixar o senador Veneziano Vital (MDB) em um ambiente desconfortável.
Explicar para o eleitor paraibano, onde Lula (PT) foi vitorioso em todas as cidades do Estado nas últimas eleições estaduais, um palanque formado por lulistas e bolsonaristas não será fácil.
Isso sem mencionar a ‘guerra interna’ e divergências que sempre estão presentes nos discursos – e bastidores – daqueles que compõem o bolsonarismo raiz paraibano.
De fato, a manobra na direção do bolsonarismo pode acabar tendo um preço elevado para a oposição na Paraíba. Aceitar esse risco é uma decisão que está diante de seus principais atores.