Na era das conexões rápidas, dos matches instantâneos e das conversas que começam com um “oi” e terminam em desaparecimento, uma prática tem se tornado cada vez mais comum — e emocionalmente devastadora: o ghosting. O termo, que vem do inglês “ghost” (fantasma), descreve o ato de sumir da vida de alguém sem explicações, bloqueando, ignorando ou simplesmente desaparecendo do contato digital.
Mas o que parece, à primeira vista, uma fuga simples de um diálogo desconfortável, pode deixar cicatrizes profundas em quem é deixado no vácuo. O silêncio absoluto, principalmente após uma troca intensa de mensagens, encontros ou até um relacionamento mais envolvido, pode provocar um turbilhão emocional difícil de lidar.
O que leva alguém a praticar ghosting?
Geralmente, o ghosting acontece quando uma das partes decide que não quer mais manter o vínculo, mas não sabe — ou não quer — comunicar isso de forma clara. Pode ser por medo do confronto, falta de maturidade emocional ou até comodismo. Em tempos de relações líquidas e instantâneas, muitos preferem o silêncio à honestidade.
Além disso, o ambiente digital favorece esse comportamento: com um clique, é possível bloquear, apagar conversas e seguir em frente, como se o outro nunca tivesse existido.
As emoções de quem é “ghostado”
Para quem sofre o ghosting, o impacto pode ser devastador. A ausência de explicação deixa espaço para inseguranças, questionamentos e sentimentos de rejeição. É comum surgir a ideia de que “algo errado foi feito”, alimentando a culpa e a baixa autoestima. Há também um efeito psicológico semelhante ao luto: a pessoa precisa lidar com o fim de uma relação, mas sem ter tido a chance de compreendê-lo ou processá-lo plenamente.
O ghosting ativa áreas do cérebro relacionadas à dor física, segundo estudos em neurociência. Isso significa que o “sumiço” digital pode doer tanto quanto uma agressão física — o cérebro interpreta o abandono e a rejeição como uma ameaça real.
A importância do encerramento
O ser humano tem a necessidade emocional de entender e encerrar ciclos. Quando esse encerramento não acontece, cria-se um vazio que pode desencadear ansiedade, insônia e até quadros depressivos. A falta de uma explicação ou despedida impede que a pessoa avance emocionalmente e pode torná-la mais insegura em futuras relações.
Como lidar com o ghosting
- Reconheça que não é sobre você – Na maioria dos casos, o ghosting diz mais sobre a imaturidade emocional do outro do que sobre suas atitudes.
- Evite procurar respostas – Não se desgaste tentando entender o motivo do sumiço. Se alguém não consegue se comunicar, talvez não mereça seu tempo e sua energia.
- Cuide da sua autoestima – Cerque-se de pessoas que valorizam o diálogo e respeitam seus sentimentos. Reforce sua autoconfiança com atividades que te façam bem.
- Reflita e aprenda – Use a experiência como aprendizado. Entender os sinais e seus próprios limites pode te proteger em futuras relações.
Precisamos falar mais sobre respeito emocional
Ghosting não é apenas uma “forma de terminar” — é um comportamento que mina a saúde emocional de quem é deixado para trás com splove. Em tempos de conexões digitais e emoções reais, é urgente falarmos sobre empatia, responsabilidade afetiva e a importância do diálogo, mesmo quando ele é desconfortável.
Afinal, desaparecer sem dar explicações pode parecer fácil para quem vai, mas o impacto em quem fica é profundo e, muitas vezes, silenciosamente doloroso.