Na quarta-feira (9/4), Trump anunciou que aumentaria a taxa para 125%.
Essa tarifa está sendo adicionada ao que é aplicado agora à China, o que eleva o total de tarifas americanas aplicadas a Pequim para 145%.
Em reação a isso, os mercados de ações tiveram reações opostas nos EUA e na Europa e Ásia.
A reação positiva inicial parece dar lugar à incerteza à medida que as empresas descobrem o que a pausa de 90 dias para países afetados por tarifas mais altas significa para elas.
O índice Dow Jones também caiu 5% nesta quinta, e o Nasdaq registrou queda de quase 6%.
No Brasil, o Ibovespa, principal indicador das ações negociadas nas bolsas, encerrou a quarta-feira com forte alta de 3,12%, mas abriu recuando na quinta. O dólar, por sua vez, deu uma leve recuada na quarta-feira, depois de passar de R$ 6,00, e fechou em R$ 5,84.
Russ Mould, diretor de investimentos da AJ Bell, afirma que a queda do preço das ações dos EUA pode ser um processo longo e demorado. “A decepção se instala gradualmente”, diz Mould.
Em contraste, os mercados europeu e asiático registraram ganhos nesta quinta-feira.
As bolsas de valores asiáticas fecharam hoje com algum alívio para os investidores locais. O CSI300 da China fechou em alta de 1,35%. Em Hong Kong, o Índice Hang Seng subiu 2,1%. E o Índice Composto de Xangai subiu 1,2%
As bolsas do Japão e de Taiwan fecharam em alta de 9% e 9,25% respectivamente.
Na Alemanha, Reino Unido e França, todas as bolsas registraram altas de mais de 6% pela manhã.
Já o petróleo Brent, considerado uma das principais referências para os preços do petróleo, também caiu novamente nesta quinta nos mercados internacionais após ter se recuperado na quarta-feira.
Seu preço teve uma queda acentuada após o chamado discurso do “Dia da Libertação” de Trump, em 2 de abril, quando foram anunciadas tarifas recíprocas para dezenas de países.
Naquele dia, o preço do petróleo Brent atingiu um pico de pouco menos de US$ 75 por barril, maior do que em qualquer outro momento desde que Trump assumiu o cargo em janeiro.
Nesta mesma época do ano passado, estava pouco acima de US$ 90. E ontem havia caído para menos de US$ 59.
Analistas me dizem que há alguns fatores importantes em jogo. Um deles é que a OPEP+, o grupo de produtores de petróleo que inclui a Rússia, mas exclui os EUA, aumentou sua meta de produção na semana passada em mais de 400mil barris por dia.
O segundo fator é como as preocupações com uma recessão global afetarão a demanda por energia — e por petróleo em particular.
Mas a volatilidade também se explica pelo fato que as decisões da Casa Branca têm feito o nível de confiança econômica viver uma montanha-russa, e isso gera grandes oscilações no preço do petróleo.
Escalada e recuo no tarifaço de Trump
As novas tarifas de Trump sobre as importações de cerca de 60 países haviam entrado em vigor na quarta-feira (9/4), até o anúncio da pausa.
Esta semana, houve uma escalada de tarifas sendo anunciadas entre os EUA e China contra os produtos um do outro.
Antes do mais recente anúncio de Trump, a China havia declarado tarifas retaliatórias de 84% sobre todas as importações dos EUA entram em vigor.
O governo chinês prometeu “lutar até o fim” contra a ofensiva tarifária de Trump e declarou que “nunca aceitará a natureza de chantagem dos EUA”.
Trump abordou a guerra comercial contra a China ao falar com a imprensa na quarta-feira.
Trump elogiou o presidente chinês, Xi Jinping, ao falar com repórteres no Salão Oval.
“Xi é um cara inteligente e vamos acabar fechando um ótimo acordo”, disse Trump sobre o presidente chinês, acrescentando que seu homólogo é “uma das pessoas mais inteligentes do mundo”.
Em seguida, ele fez uma breve menção ao poder de fogo dos EUA, dizendo: “Temos armas que ninguém conhece”, antes de voltar a elogiar Xi Jinping.
“Xi é um homem que sabe exatamente o que precisa ser feito, ele ama seu país”, disse ele. “Receberemos um telefonema em algum momento e então começaremos a negociar.”
Outro país que havia respondido ao tarifaço de Trump foi o Canadá, impondo 25% sobre certos carros vindos dos EUA e bilhões de dólares em produtos americanos.
Na terça-feira, o presidente americano disse que está em negociação com outros países sobre tarifas. “As nações que realmente tiraram vantagem de nós agora estão dizendo ‘por favor, negociem'”, disse.
A pausa anunciada na quarta-feira por Trump é apenas para países que receberam tarifas acima de 10%. A tarifa básica de 10% sobre importação de todos os países — inclusive do Brasil — segue em vigor.
Outras tarifas que haviam sido anunciadas também seguem existindo. As importações de carros, aço e alumínio para os EUA continuam sujeitas a um imposto de 25% — inclusive sobre produtos do Brasil. Essa tarifa será estendida a peças automotivas no próximo mês.
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), falou sobre a situação durante seu discurso na cúpula de líderes da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que ocorre em Honduras.
Lula afirmou que “tarifas arbitrárias desestabilizam a economia internacional e elevam os preços”. “Guerras comerciais não têm vencedores”, acrescentou.
Alguns países que haviam sofrido grandes aumentos de tarifa de importação nos EUA, reagiram ao anúncio de Trump de pausa na guerra comercial.
O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, fez um apelo a todas as partes a “aproveitarem ao máximo” a pausa de 90 dias, enfatizando que manter relações fortes com os EUA “é uma responsabilidade comum de europeus e americanos”.
O vice-primeiro-ministro vietnamita, Ho Duc Phoc, disse que os EUA e o Vietnã esperam iniciar “negociações sobre um acordo comercial bilateral”, que “incluiria acordos tarifários”.
O futuro chanceler alemão, Friedrich Merz, disse que a pausa prova que uma abordagem europeia unida em relação ao comércio tem um efeito positivo: “Os europeus estão determinados a nos defender e este exemplo mostra que a união ajuda acima de tudo”.
E a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que a decisão de Trump foi “um passo importante para a estabilização da economia global”. A UE, afirma ela, continua comprometida em negociar com os EUA em direção ao seu objetivo de um “acordo tarifário zero por zero”.