O Consórcio Nordeste anunciou recentemente uma articulação com a APEXBrasil e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), liderado pelo vice‑presidente Geraldo Alckmin, com objetivo de mitigar os efeitos da recente tarifa americana sobre exportações brasileiras. A princípio, a medida norte-americana — apelidada de “tarifaço de Trump” — impõe uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os EUA, afetando intensamente setores como fruticultura, têxtil, calçados, apicultura e metalmecânico no Nordeste.
Mapear perdas do tarifaço de Trump e buscar alternativas
Para proteger a economia regional, o consórcio já vai elaborar um mapeamento detalhado dos impactos por estado e por setor, no intuito de identificar empresas e cadeias produtivas afetadas. Além disso, o trabalho fornecerá bases para direcionar produtos para novos mercados, reduzindo a dependência do mercado americano e preservando empregos e renda locais — especialmente em territórios produtivos do Ceará, Bahia, Pernambuco e Maranhão.
Diversificação via exportações: iniciativas com potencial real
Missão ao Oriente Médio
Entre 23 e 30 de maio de 2025, representantes do Consórcio Nordeste participaram de missão oficial ao Oriente Médio — visitando Catar, Arábia Saudita e Emirados Árabes — junto à APEXBrasil e Banco do Brasil, com foco na captação de investimentos e abertura de novos canais comerciais. Contudo, durante os eventos do “Northeast Day”, os estados apresentaram 16 projetos estratégicos em setores como infraestrutura, energias renováveis, turismo e logística, conectando o Nordeste à demanda internacional por sustentabilidade e inovação.
Promoção de empresas locais no mundo
A APEXBrasil, por meio de programas como Exporta Mais Nordeste, o PEIEX e o Programa E-Xport, tem ampliado a presença de empresas nordestinas em feiras, rodadas de negócios e capacitações para vendas via e‑commerce em plataformas globais como Amazon e Alibaba. Além disso, em 2024, 54% das empresas apoiadas foram micro e pequenas, e cerca de 21% eram do Nordeste.
Adicionalmente, o programa InterAgro, em colaboração com a CNA, capacita agricultores e produtores rurais para ingressar no comércio exterior, com foco especial em produtos típicos da região, como cera de carnaúba, frutas e pescado.
Projetos setoriais
A APEXBrasil articula Trade Sector Projects, que apoiam exportações por setores como alimentos, moda, equipamentos e tecnologia. Para os estados nordestinos, destacam-se produtos com valor agregado e origem regional — por exemplo: cera de carnaúba (PI e CE), produtos do Porto Digital (PE), calçados de couro e têxteis.
Iniciativas de diversificação de exportações
Iniciativa | Objetivo | Setores envolvidos |
---|---|---|
Missão ao Oriente Médio (Consórcio + APEX) | Atrair investimentos e novos mercados | Turismo, infraestrutura, energias renováveis |
Exporta Mais Nordeste / PEIEX / E‑Xport | Internacionalizar MPEs da região | Alimentos, moda, calçados, tecnologia |
InterAgro | Capacitar produtores rurais para exportação | Frutos regionais, meliponicultura, cera |
Trade Sector Projects | Prospecção estratégica de mercados por setor |
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Panorama: estratégia integrada em defesa da economia regional
O encontro com o Governo Federal na próxima semana será fundamental para consolidar essas iniciativas em políticas públicas efetivas. A articulação regional com ApexBrasil e MDIC pretende garantir que o Nordeste não fique à margem das soluções estratégicas, promovendo:
- A diversificação dos mercados de exportação;
- A retenção da competitividade de empresas e cadeias produtivas locais;
- O fortalecimento da presença de produtos nordestinos no comércio internacional.
Como destacou o governador Rafael Fonteles, presidente do Consórcio Nordeste:
“O Nordeste não assistirá passivamente ao impacto dessas medidas. Estamos agindo de forma proativa para proteger nossos empregos, empresas e capacidade produtiva.”
Portanto, diante do cenário desafiador imposto pelas novas tarifas dos Estados Unidos, o Nordeste brasileiro tem mostrar capacidade de articulação e resposta estratégica.
Além disso, a união do Consórcio Nordeste com o Governo Federal já faz articulações com novos mercados. Assim, sinaliza um caminho consistente para proteger empregos, garantir competitividade e ampliar a presença internacional dos produtos nordestinos.
Afinal, com uma abordagem baseada na diversificação de mercados, inovação comercial e fortalecimento de parcerias globais, a região reafirma seu protagonismo no cenário econômico nacional e internacional. Assim, o Nordeste não apenas reage: ele se reinventa.