O Senado aprovou, nesta quinta-feira (29), a criação da Frente Parlamentar em Defesa da Exploração de Petróleo na Margem Equatoria. A princípio, esse é mais um passo para o início das operações na Amazônia Azul — a faixa marítima que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte. Contudo, para além do protagonismo dos estados que compõem esta região, a futura corrida pelo “ouro negro” também pode reverberar positivamente por todo o Nordeste.

Assim, reunimos os principais efeitos esperados para a região e um quadro-resumo com os estados diretamente beneficiados.

O que é a Margem Equatorial?

  • Extensão: ~2.200 km de costa, entre o Cabo Orange (AP) e o Cabo Calcanhar (RN).

  • Potencial estimado: 11 a 30 bilhões de barris em reservas recuperáveis – volume comparável aos primeiros números do pré-sal da Bacia de Santos.

  • Fases atuais: A Petrobras já obteve licenças sísmicas em cinco blocos. Além disso, o Ibama analisa o licenciamento ambiental para o primeiro poço de perfuração exploratória (Amapá Águas Profundas – bloco FZA-M-59).

6 impactos que tendem a impulsionar o Nordeste

# Impacto Por que favorece o Nordeste?
1 Royalties & Participações Especiais Além dos estados originários (AP, PA, MA, PI, CE, RN), os fundos de participação de estados e municípios (FPE/FPM) distribuem parte da arrecadação para todas as unidades federativas. Isso injeta recurso novo no caixa de capitais e cidades médias nordestinas.
2 Hub logístico em portos já existentes Complexo do Pecém (CE) e Porto-Ilha de Areia Branca (RN) despontam como bases de apoio offshore, atraindo armazéns, estaleiros e “hotéis” de navios-sonda.
3 Demanda por bens e serviços locais Hotéis, restaurantes, transporte rodoviário, aluguel de equipamentos e mão de obra de apoio deverão crescer nos polos de Fortaleza, São Luís, Parnaíba e Natal.
4 Formação de mão de obra técnica Institutos federais (IFs) e universidades estaduais já planejam cursos de perfuração, manutenção e geociências. O programa de royalties pode financiar bolsas, laboratórios e intercâmbios.
5 Efeito indutor sobre energias renováveis Plataformas híbridas (petróleo + eólica offshore) e hidrogênio verde no Pecém e em Suape ganham tração, criando sinergias com a cadeia de óleo e gás.
6 Maior arrecadação → investimento social Estados e municípios terão mais recursos para saúde, educação básica e infraestrutura, desde que cumpram as regras de aplicação dos royalties (25 % em educação, 15 % em saúde e 10 % em ciência & tecnologia).

Estados nordestinos na rota da nova fronteira petrolífera

Estado Blocos ou projetos em análise Portos/infraestruturas aptos Benefícios esperados (1ª fase)
Maranhão (MA) Bacias Pará-Maranhão (FZA-M) Porto do Itaqui & Porto São Luís Bases de apoio e estaleiros leves; empregos na construção naval e logística.
Piauí (PI) Bacia do Parnaíba Litoral Porto de Luís Correia (em expansão) Uso do porto como corredor de suprimentos para FPSOs; capacitação técnica no litoral piauiense.
Ceará (CE) Bacia do Ceará – blocos CE-M Complexo Industrial & Portuário do Pecém Centro logístico-offshore; usinas de hidrogênio verde integradas a futuras plataformas.
Rio Grande do Norte (RN) Blocos POT-M (Margem Equatorial Sul) Porto-Ilha de Areia Branca & Porto de Natal Revitalização da cadeia de petróleo já existente, com foco em serviços de poços e reciclagem de plataformas.
Bahia (BA) Acompanhamento indireto (refino) Refinaria Landulpho Alves & Porto de Aratu Recebimento/estocagem de óleo leve; ampliação do setor petroquímico de Camaçari.

Por que a Frente Parlamentar importa?

Ao mesmo tempo, a Frente reúne senadoras e senadores interessados em acompanhar o licenciamento, a segurança ambiental e a repartição dos futuros royalties. Ela poderá:

  1. Apressar a aprovação de marcos regulatórios sobre depleção de carbono, partilha de produção e conteúdo local.

  2. Articular com a Câmara dos Deputados para destravar propostas de distribuição de receita a estados produtores e não produtores.

  3. Fiscalizar a correta aplicação de recursos em educação, saúde e ciência, evitando passivos ambientais e “royalties perdidos”.

    exploração de petroleo em Mossoró
    Em suma, a exploração de petróleo envolve toda uma cadeia produtiva

Olho na transição

Mesmo sendo fóssil, o petróleo da Margem Equatorial pode financiar a transição energética nordestina. A receita extra tem potencial para:

  • escalar projetos de hidrogênio verde no Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia;

  • subsidiar parques eólicos offshore e usinas solares flutuantes;

  • impulsionar pesquisa em captura de carbono (CCUS) em campos maduros do Recôncavo e Potiguar.

Afinal, se bem planejada, a nova fronteira petrolífera não apenas gera emprego e renda imediatos, mas também pavimenta o caminho para um Nordeste líder em energias limpas. Desse modo, mostra que desenvolvimento e sustentabilidade podem caminhar juntos.

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