O episódio de desrespeito sofrido pela ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, nesta terça-feira (27), durante depoimento na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado, provocou uma onda de indignação entre autoridades, especialistas e movimentos sociais. A ministra Marina Silva foi interrompida reiteradas vezes, teve o microfone cortado e, diante da hostilidade, optou por se retirar do recinto, em um ato de dignidade e resistência.
Entre as manifestações de apoio, destacou-se o posicionamento firme da delegada e pesquisadora em violência contra a mulher, Dra. Gabriela Garrido. Em declaração pública, ela destacou que episódios como o vivido pela ministra Marina Silva expõem as camadas mais profundas da violência política e da misoginia ainda presentes nas instituições brasileiras.
“Você já reparou que quando as pessoas ficam assim, mandando a gente se colocar no nosso lugar, elas, na realidade, não estão felizes com o lugar que a gente está ocupando?”, questionou a delegada Dra Gabriela Garrido. Para ela, o ataque à ministra não foi apenas político, mas atravessado por questões de gênero, raça e classe: “Talvez os senadores não acreditem que esse lugar seja o lugar de uma mulher negra amazonense que tem uma história de luta tão marcada em sua vida.”
A ministra Marina Silva , reconhecida internacionalmente por sua trajetória de defesa do meio ambiente e por sua militância histórica, enfrentou, segundo analistas, um dos episódios mais emblemáticos de violência política de gênero nos últimos anos. Organizações feministas e ambientalistas se mobilizam em solidariedade à ministra e cobraram providências do Senado Federal.
A delegada Dra. Gabriela Garrido reforçou a importância de diferenciar divergências políticas legítimas de ataques misóginos: “Divergências políticas e ideológicas são extremamente normais e saudáveis, inclusive, esperadas numa democracia. O que a gente não pode é tratar as pessoas com falta de respeito, como foi feito com a ministra.”
O episódio reacendeu o debate sobre a necessidade de fortalecer mecanismos de proteção às mulheres que ocupam cargos políticos no Brasil. Dados da ONU Mulheres e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam que a violência política de gênero é uma das principais barreiras para a participação plena e segura de mulheres na política brasileira.
Por fim, a delegada Dra Gabriela Garrido deixou uma mensagem de resistência: “O seu lugar é exatamente onde você está, onde você chegou com o seu trabalho, com a sua força, com a sua luta. E os incomodados, o choro é livre.”
A presidência do Senado ainda não se manifestou oficialmente sobre a possibilidade de sanções aos parlamentares envolvidos no episódio. Movimentos sociais seguem cobrando uma resposta à altura da gravidade dos fatos, em defesa da democracia e do respeito às mulheres na política.