Pacientes continuam com sequelas na visão após 40 dias de mutirão oftalmológico em Campina Grande
Aposentada Anita Terina da Costa, de 89 anos.. Foto: Reprodução/TV Cabo Branco.

Mais de 40 dias após um mutirão oftalmológico realizado no Hospital de Clínicas de Campina Grande, no Agreste da Paraíba, pacientes ainda relatam perda parcial ou total da visão. A iniciativa, promovida em 15 de maio por meio de uma parceria entre a Secretaria de Saúde da Paraíba e a Fundação Rubens Dutra, atendeu 64 pessoas. No entanto, pelo menos 29 delas relataram complicações após os procedimentos.

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A aposentada Anita Terina da Costa, de 89 anos, é uma das afetadas. Antes da cirurgia, já possuía uma limitação visual no olho esquerdo, mas havia recuperado parte da visão com tratamento. Agora, perdeu totalmente a visão do olho.

“Eu não tenho esperança de voltar com essa visão, não. Não tenho esperança. Estou certa de que vou ficar assim até o fim”, contou a aposentada.

Segundo o filho de Anita, a família assumiu os custos com transporte, medicamentos e cuidados diários, e que nenhum órgão público entrou em contato para prestar assistência. A perda da visão também limitou a locomoção da idosa.

“Toda semana é duas ou três vezes no Help, tendo que pagar carro por aplicativo e medicação. É toda hora, tem que comprar todos os colírios. A gente tem um custo muito alto. A gente também tem que colocar gente pra cuidar dela, porque ela não consegue mais fazer nada”, afirmou o filho da aposentada, Inácio Quaresma.

Hospital de Clínicas de Campina Grande. Reprodução/TV Paraíba

Outra paciente, Errta Rianny, também teve a visão parcialmente comprometida após o procedimento. A princípio, pensou se tratar de uma reação normal, mas os sintomas pioraram e ela precisou passar por uma cirurgia de emergência em João Pessoa.

“Uma cirurgia bastante delicada, que teve que colocar uma nova lente, teve injeção de antibiótico, e o médico também realizou catarata e colocou óleo de silicone pra evitar o risco de atrofiar o olho”, afirmou.

Paciente Errta Rianny.. Foto: Reprodução/TV Cabo Branco.

A Secretaria de Saúde da Paraíba afirma que a aposentada Anita Terina recebeu assistência adequada e que houve oferta de continuidade do tratamento em João Pessoa, mas ela recusou. Segundo a gestão, após a alta hospitalar, ela escolheu seguir o tratamento em clínica credenciada em Campina Grande.

Enquanto isso, o caso continua sob investigação da Polícia Civil. Depoimentos de pacientes e profissionais de saúde já começaram a ser colhidos desde o dia 27 de maio e o procedimento segue em segredo de justiça. O Conselho Regional de Medicina e o Ministério Público da Paraíba também apuram os fatos, mas não comentaram o andamento dos processos.

Central da Polícia Civil de Campina Grande. Gustavo Demétrio

Entenda o caso

Pacientes submetidos a procedimentos oftalmológicos durante um mutirão realizado no Hospital de Clínicas de Campina Grande, na última quinta-feira (15), têm relatado complicações graves, incluindo casos de infecção e até perda total da visão.

De acordo com as denúncias, que começaram a ser veiculadas na segunda-feira (19), já no fim de semana seguinte ao mutirão, diversos pacientes procuraram atendimento em outras unidades de saúde relatando dores intensas e sinais de infecção ocular.

Segundo a SES-PB, 64 pessoas foram atendidas na ação, realizada por meio de um contrato entre a secretaria e a Fundação Rubens Dutra Segundo. Parte dos medicamentos usados no mutirão oftalmológico que aconteceu no Hospital de Clínicas estava vencida, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES). Ao menos 6 dos 30 frascos da medicação utilizada estavam vencidos e abertos.

A Fundação Rubens Dutra, por sua vez, nega o uso de medicamentos vencidos e afirma que, desde que tomou conhecimento da situação, iniciou um processo de busca ativa pelos pacientes que apresentaram sintomas.

O diretor do Hospital de Clínicas registrou um boletim de ocorrência após o início da repercussão do episódio. A Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba (SES-PB) também instaurou uma investigação.



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