O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta quarta-feira (25) o julgamento que pode redefinir o papel e a responsabilidade das plataformas digitais em relação a conteúdos ilegais publicados por seus usuários. Em pauta está a constitucionalidade do Artigo 19 do Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014), que isenta as empresas de internet de responsabilização prévia por publicações de terceiros, salvo em caso de descumprimento de ordem judicial para remoção do conteúdo.
O julgamento havia sido suspenso no último dia 12 de junho, com um placar parcial de 7 votos a 1 pela inconstitucionalidade do dispositivo. Restam ainda os votos dos ministros Edson Fachin, Cármen Lúcia e Nunes Marques. A Corte analisa se o modelo atual é compatível com os princípios constitucionais, especialmente no que diz respeito à proteção de direitos fundamentais como a honra, a privacidade e a dignidade da pessoa humana.
Apesar da maioria já formada, o Supremo ainda precisa aprovar a tese jurídica uma espécie de resumo normativo que detalha os parâmetros a serem seguidos pelas plataformas e pelo Judiciário. Essa tese é essencial para garantir a aplicação uniforme da decisão nos tribunais e para orientar empresas de tecnologia na moderação de conteúdo.
O relator do caso, ministro Dias Toffoli, defendeu que as plataformas devem ser responsabilizadas quando se omitem diante de conteúdos manifestamente ilícitos, como discursos de ódio, fake news que afetem a democracia ou incitação à violência, mesmo sem a necessidade de ordem judicial prévia.
A discussão tem gerado grande repercussão e mobilizado diversos setores da sociedade, incluindo organizações de direitos digitais, empresas de tecnologia, juristas e parlamentares. Para críticos da mudança, a responsabilização automática pode comprometer a liberdade de expressão e estimular a censura privada. Já os defensores da nova interpretação veem na decisão um avanço no combate à desinformação e aos abusos no ambiente digital.
O desfecho do julgamento pode ter impacto direto sobre a regulação das redes sociais no Brasil e influenciar futuros debates legislativos sobre o tema.