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    Início » À espera de notícias do papa
    Piauí

    À espera de notícias do papa

    25 de março de 20259 Minutos de Leitura
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    Papa Francisco ficou internado por 38 dias para tratar de um problema pulmonar. No auge das especulações sobre sua saúde, um breve ritual se repetia todo início de noite na Sala de Imprensa da Santa Sé, no Vaticano. Como que aguardando o começo de uma peça, dezenas de jornalistas olhavam para uma porta de vidro, até que ela se abria, revelando a figura de Matteo Bruni, 48 anos. Nascido em Winchester, na Inglaterra, o diretor da sala de imprensa fala italiano fluentemente, com sotaque romano – é formado em Línguas e Literaturas Estrangeiras pela Universidade de Roma La Sapienza. Sempre vestido com blazers bem cortados, educado, dotado de paciente infinita, aparecia por volta das 19 horas para dar notícias do Santo Padre.

    Bruni é o elo de comunicação entre a Santa Sé e o resto do mundo. Nunca perde a fleuma, embora às vezes se permita momentos de descontração, como ao dizer que sua filha havia pedido que voltasse cedo para casa, a tempo de colocá-la para dormir. Nesses momentos, ri e se torna um igual no meio do reportariado. A discrição é obrigatória na sala, e os jornalistas são sisudos. Não é permitido falar em voz alta, todos devem trabalhar em silêncio. Parolaccia (palavrão)? Jamais.

    A engrenagem da comunicação começava cedo: às 8 horas, uma mensagem curta de Telegram era enviada aos repórteres credenciados na Santa Sé, normalmente informando que o papa havia tido uma noite tranquila no hospital e repousava. Por volta do meio-dia, Bruni passava na sala de imprensa para bater papo. Embora haja poltronas confortáveis no espaço reservado às coletivas de imprensa, o assessor preferia uma abordagem informal entre os jornalistas.

    As principais informações vinham mesmo à noite, quando Bruni trazia detalhes sobre o quadro clínico do pontífice, acometido aos 88 anos por uma bronquite que evoluiu para uma infecção polimicrobiana e uma pneumonia bilateral – quando a doença afeta os dois pulmões. Algumas perguntas se repetiam todos os dias. “O papa usou máscara de oxigênio hoje?” “Levantou da poltrona?” “Está falando?” “Vai receber alguma visita?” “Quando poderemos ver uma fotografia do Santo Padre?” “O que ele está comendo?” “E o humor dele, como está?” Terminada a conversa, marteladas nos computadores para que a informação estivesse disponível imediatamente nos jornais.

    O alto clero do reportariado é conhecido como “vaticanista”. São alguns poucos privilegiados que, tendo acompanhado vários papados e viajado com alguns pontífices, conseguem avaliar a situação com ares de especialistas. Prestígio mesmo tem uma jornalista argentina que, tempos atrás, recebeu uma ligação do papa Francisco em pessoa. Mas ela evita falar sobre isso. Outro sinal de status é cobrir o pontificado à distância, morando em Roma: sinal de que o repórter cultivou fontes e não precisa se deslocar até o Vaticano.

    Para conseguir a credencial de imprensa permanente que permite frequentar a Via della Conciliazione, rua que dá acesso à Praça São Pedro e à Basílica, é preciso preencher alguns requisitos, como ter residência fixa em Roma, apresentar uma carta do jornal, revista ou rede de televisão para o qual você trabalha e enviar uma lista com algumas reportagens suas. Durante os dias de internação, a Santa Sé recebeu mais de mil pedidos de credencial, todos concedidos, o que não significa que a sala de imprensa comportasse uma multidão. Nos horários mais movimentados, espremiam-se ali umas cem pessoas. Muitos jornalistas credenciados fazem a cobertura à distância ou na rua mesmo. 

    As diferenças de poder na sala de imprensa são sutis, mas perceptíveis. Bruni chama os vaticanistas pelo primeiro nome. Iacopo, Stefano, Elsa, Javier, Serena, Antonio. E lá está Francesco Antonio Grana, nome consagrado do jornalismo papal. Nascido em Nápoles, passa o dia inteiro no telefone conversando com fontes. Sua página de apresentação no Il Fatto Quotidiano, um jornal italiano conhecido pela linha editorial crítica e investigativa, começa assim: “Santidade, meu nome é Francesco há mais tempo que o senhor.” Foi com essas palavras que ele começou uma conversa com Jorge Mario Bergoglio depois que o argentino foi anunciado como papa, em 2013. No primeiro dia de internação do pontífice, Grana já tinha à mão uma lista de papáveis – isto é, nomes cotados para a sucessão.

    Os italianos comandam as perguntas na sala de imprensa e só conversam entre si. Alguns poucos rompem o silêncio e puxam papo com estrangeiros. “Todo jornalista que cobre um centro de poder acredita que é igualmente poderoso. Na Casa Branca também é assim”, comentou um colega. É evidente que o grupo de italianos se conhece há muito tempo e gosta de trocar impressões sobre os acontecimentos. Não falam inglês e não te reconhecem se cruzam com você na rua. A maioria é católica; alguns, celibatários. Ocupam a mesa maior da sala, o Mesão, e comandam um grupo de WhatsApp com rédea firme. Uma jornalista não italiana brigou para participar do grupo de mensagens – não foi aceita.

    Há cabines exclusivas (e pagas) onde é possível trabalhar a sós. A sala menor, apelidada de Mesinha, é mais aconchegante e ocupada por colegas do Brasil, Turquia, França, Espanha, Croácia e Austrália. Fontes vaticanas disseram que o próprio Francisco, ao ser internado, pediu aos assessores que informassem imediatamente qualquer novidade aos jornalistas, “a hora que for”. Um dos repórteres, já antecipando que faria uma pergunta brutta (difícil), indagou: caso o papa morresse, como seria anunciada sua morte? O Vaticano respondeu que ainda não era o momento de falar disso. 

    Os italianos por vezes são favorecidos na cobertura de acontecimentos papais. Em algumas ocasiões, nos últimos dias, jornalistas estrangeiros foram barrados sem justificativa clara. Eu inclusa: no dia 16 de março, quando crianças prestaram uma homenagem a Francisco no hospital Gemelli, onde ele estava internado, não me foi permitido entrar no recinto. “Ela, não!”, gritou o segurança. Repórteres de tevê foram autorizados, ainda que sem microfone nem câmera. O segurança, quando perguntei quais eram seus critérios, não quis responder. Em outro momento, um policial tentou cassar a credencial de um repórter televisivo que posicionou um tripé onde não era permitido. A primeira pergunta que fazem aos jornalistas nessas situações é: Parla italiano? A reação varia de acordo com a resposta.

    A assessoria de imprensa da Santa Sé passa boa parte do tempo desmontando fake news. Uma onda de teorias conspiratórias nas redes sociais dizia que o papa havia morrido, boato reforçado pelo fato de que, durante dias, não foi divulgada nenhuma imagem ou vídeo de Francisco. Os assessores respondiam a essas invenções com boletins médicos diários, informando que o quadro clínico do papa era complexo, que exigia tratamentos como oxigenação de alto fluxo e ventilação mecânica não invasiva, mas que ele seguia estável.

    Fontes bem informadas disseram, desde o primeiro dia de internação, que Francisco continuava desempenhando algumas funções, como escrever o Angelus dominical, oração que é lida na janelinha do Vaticano, e receber cardeais. Sua privacidade foi preservada ao máximo. No meio da boataria, começaram a circular rumores sobre sua sucessão, apontando o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado (o número 2 da Santa Sé), como o mais forte candidato. Seu nome de papa, diziam, seria Gregório XVII. Em uma coletiva, o médico da equipe do Gemelli afirmou que a falta de imagens não deveria ser interpretada como algo incomum, e que sua mãe idosa passara pela mesma situação.

    Para dissipar qualquer dúvida, o Vaticano botou para tocar na Praça São Pedro, no dia 6 de março, um áudio de 27 segundos com a voz do papa, ainda vacilante: “Agradeço de todo o coração pelas orações que fazem pela minha saúde da Praça, estou acompanhando vocês daqui. Que Deus os abençoe e que a Virgem os proteja. Obrigado”, disse em espanhol.

    No dia 16, surgiu a primeira foto do pontífice desde a internação. Na imagem, ele aparece de costas para a câmera celebrando, sozinho, uma missa na capela do seu andar privativo no hospital. O boletim médico daquele dia indicava que seu quadro de saúde, embora ainda muito fragilizado, seguia estável. Francisco, a essa altura, vinha passando por um tratamento de fisioterapia respiratória. No dia 22, o doutor Sergio Alfieri comunicou, numa coletiva de imprensa anunciada em cima da hora, que o notório paciente estava finalmente recebendo alta e seria transferido para o Domus Sanctae Marthae (Casa Santa Marta), palácio situado ao lado da Basílica de São Pedro onde vive Francisco (diferentemente de seus antecessores, ele se recusa a morar no Palácio Apostólico, reservado ao líder máximo da Igreja. Isso porque Francisco fez voto de pobreza). “Il Santo Padre è in dimissione” (o Santo Padre vai ter alta), disse Alfieri, e repetiu com ênfase: “In dimissione.”

    No dia seguinte, um domingo, o pontífice apareceu na varanda do hospital para delírio dos mais de mil fiéis presentes no local. Fez um breve discurso com a voz rouca, agradeceu o apoio e elogiou especificamente uma senhora que sempre levava flores amarelas para a frente do prédio. Em seguida, foi embora para casa. A recuperação de Francisco foi manchete em todo canto e impulsionou sua conta de Instagram, @franciscus, que entre os dias 17 e 23 de março ganhou 13 mil novos seguidores, segundo a consultoria italiana Arcadia. O perfil é administrado pela Santa Sé, que, além da costumeira transmissão ao vivo da Praça São Pedro (que nunca sai do ar, no YouTube), alimenta um exército de comunicadores digitais que trabalham para manter Jorge Mario Bergoglio em evidência. 

    Os conspiracionistas que haviam dado Francisco como morto alegaram que tudo não passava de uma farsa do Vaticano. Segundo essa teoria, os poderosos da Santa Sé vinham escondendo a morte do pontífice para não prejudicar o fluxo de turistas que vêm a Roma para participar do Jubileu 2025, data celebrada pela Igreja Católica a cada 25 anos e que marca um momento de renovação de fé. Os cardeais, no entanto, andam preocupados com questões mais mundanas. Discute-se, no Vaticano, como a Igreja vai lidar agora com a presença menos constante de seu maior líder, conhecido por ser participativo em eventos públicos, engajado em questões sociais como as guerras e profícuo na tomada de decisões. Habemus Papam, a frase dita ao final do conclave, andava sendo feita, ultimamente, em tom de pergunta. Mas Francisco segue vivo.





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