A Jurema Sagrada é uma tradição religiosa brasileira que reúne elementos da espiritualidade indígena, saberes afro-brasileiros e influências europeias populares.

Nova lei estadual valoriza prática religiosa ancestral e combate intolerância no Nordeste

A Jurema Sagrada, expressão religiosa fortemente enraizada na cultura nordestina, foi oficialmente reconhecida como patrimônio cultural imaterial da Paraíba. A lei nº 13.760, sancionada pelo governador João Azevêdo (PSB) e publicada no Diário Oficial da Paraíba em 16 de julho de 2025, garante a preservação e valorização dessa tradição centenária. A proposta foi apresentada pela deputada estadual Cida Ramos (PT) e agora está em vigor em todo o estado.

A princípio, esse reconhecimento é um passo importante para combater o preconceito e a intolerância religiosa ainda vivenciados por praticantes da Jurema e demais religiões de matriz indígena e africana.

O que é a Jurema Sagrada?

pessoas sentadas no chão em volta de velas
Jurema Sagrada foto Uenni Divulgação

A Jurema Sagrada é uma tradição religiosa brasileira que reúne elementos da espiritualidade indígena, saberes afro-brasileiros e influências europeias populares. Seu nome vem da árvore jurema (Mimosa tenuiflora), nativa da caatinga nordestina, cuja casca é usada em rituais para preparar um chá sagrado, utilizado em cerimônias de cura, proteção e conexão espiritual.

Essa prática é organizada em diferentes formas de culto, como:

  • Catimbó-Jurema
  • Toré
  • Encantaria
  • Linha de Jurema em terreiros afro-brasileiros

Além disso, a religião da Jurema se manifesta principalmente através de tronos, caboclos encantados, mestres juremeiros e entidades espirituais ligadas à natureza.

Onde a Jurema Sagrada é mais praticada?

A tradição da Jurema Sagrada tem forte presença no Nordeste brasileiro, principalmente nas seguintes regiões:

Estado Regiões de destaque Observações
Paraíba Sertão, Brejo e Litoral Estado pioneiro no reconhecimento legal
Pernambuco Zona da Mata e interior do Agreste Berço histórico de casas de jurema e torés
Rio Grande do Norte Litoral Sul e Seridó Integra elementos da cultura potiguara
Ceará Região do Cariri Forte tradição indígena e presença em aldeias urbanas
Alagoas e Bahia Interior e zonas de quilombos Tradições ligadas à encantaria e aos mestres antigos

Estados com Lei Estadual já sancionada:

  • Rio Grande do Norte – reconhecida como Patrimônio Religioso e Cultural Imaterial desde 6 de agosto de 2024, com celebração oficial em 2 de julho em todo o estado
  • Paraíba (Lei nº 13.760/2025) – patrimônio imaterial em todo o estado, com maior expressão no Litoral Sul, especialmente nas cidades de Alhandra e Conde

Como funcionam os rituais da Jurema?

Os rituais envolvem orações, cantos, toques de maracá, danças circulares e o uso do chá de jurema, sempre guiados por mestres e mestras juremeiros. É uma espiritualidade que dialoga com a natureza e cultua forças encantadas, ancestrais e caboclos — muitas vezes representando figuras indígenas, sertanejas e guerreiras.

A Jurema valoriza o conhecimento oral, a cura natural, e a conexão com o sagrado, além de ocupar um papel vital na manutenção da identidade cultural nordestina.

Por que o reconhecimento é importante?

A sanção da lei que torna a Jurema Sagrada patrimônio imaterial reforça o respeito à liberdade religiosa e à diversidade cultural brasileira. Além disso, em um cenário ainda marcado por racismo religioso e estigmatização das religiões afro-indígenas, medidas como essa fortalecem a visibilidade, dignidade e proteção aos povos tradicionais.

Segundo a deputada Cida Ramos, autora da proposta, o objetivo é preservar e valorizar o legado dos povos originários, combatendo o preconceito com políticas públicas afirmativas. Dessa maneira, a iniciativa também permite a criação de ações educativas, eventos culturais e incentivos à pesquisa sobre a Jurema no estado.

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Um marco para o Nordeste e para o Brasil

Portanto, com essa legislação, a Paraíba se coloca na vanguarda da valorização de religiões ancestrais nordestinas. Afinal, o reconhecimento da Jurema Sagrada como patrimônio imaterial reforça a importância de preservar tradições culturais, garantir a liberdade de culto e reconhecer os saberes dos povos indígenas e afrodescendentes como parte essencial da formação cultural do Brasil.

Ficha técnica – Lei da Jurema Sagrada na Paraíba

Item Detalhes
Lei nº 13.760
Data da sanção 16 de julho de 2025
Autoria Deputada Cida Ramos (PT)
Governador sancionante João Azevêdo (PSB)
Abrangência Todo o território do Estado da Paraíba
Reconhecimento Patrimônio cultural imaterial
Objetivo Valorizar a tradição da Jurema e combater a intolerância religiosa

Confira o documentário


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