Crédito, Getty Images
Juliana caiu em um desfiladeiro na sexta-feira (20/6), enquanto fazia o percurso rumo ao cume do vulcão, e desde então equipes de resgate tentavam localizá-la em meio a terreno acidentado, falésias e condições climáticas instáveis.
A brasileira, no entanto, foi encontrada morta no quarto dia de buscas. A informação foi compartilhada pela família no fim da manhã desta terça-feira (24/6).
“Hoje, a equipe de resgate conseguiu chegar até o local onde Juliana Marins estava. Com imensa tristeza, informamos que ela não resistiu. Seguimos muito gratos por todas as orações, mensagens de carinho e apoio que temos recebido.”
Além do terreno desafiador, o clima imprevisível — com neblina, chuvas e ventos fortes — costuma surpreender até montanhistas experientes.
Nos últimos cinco anos, pelo menos outras oito mortes foram registradas na região, segundo um relatório do governo da Indonésia obtido pela emissora GloboNews, entre elas:
- Em dezembro de 2021, um montanhista indonésio de 26 anos morreu após cair em um desfiladeiro de 100 metros de profundidade enquanto subia o monte pela rota de Senaru, em North Lombok;
- Em agosto de 2022, um alpinista português de 37 anos morreu ao despencar de um penhasco no cume do Rinjani enquanto tirava uma selfie;
- Em junho de 2024, uma turista suíça morreu após cair na trilha do Bukit Anak Dara, no distrito de Sembalun, East Lombok. Ela havia se arriscado por uma rota ilegal;
- Em setembro de 2024, um escalador de Jacarta desapareceu após supostamente cair em um desfiladeiro na área do monte Rinjani, em 28 de setembro. O corpo foi localizado por um drone com câmera térmica, a centenas de metros de profundidade, e resgatado uma semana depois;
- Em maio de 2025, um montanhista malaio de 57 anos morreu ao cair durante a descida do Rinjani pela rota de Torean. Ele despencou em um desfiladeiro com cerca de 80 a 100 metros de profundidade, na trilha de Banyu Urip, quando o grupo retornava do cume.
O relatório oficial aponta ainda que houve um total de 180 acidentes na região do parque, sendo que 60 deles foram registrados apenas em 2024, o ano com o maior número de acidentes no período. Turistas estrangeiros estavam envolvidos em 44 acidentes.
O documento ressalta ainda que o aumento de vistantes ao parque, embora gere benefícios à comunidade local, também gera impactos ao ecossistema local e implica em risco de acidentes que “podem resultar em ferimentos leves ou graves, ou até mesmo morte”.
Em setembro de 2016, cerca de 400 turistas tiveram que se evacuados às pressas quando o vulcão entrou em erupção.
Crédito, Arquivo pessoal
Terreno hostil e clima imprevisível aumentam risco
O monte Rinjani é conhecido pelas vistas deslumbrantes, mas também pelo terreno traiçoeiro.
Com mais de 3,7 mil metros de altitude, é o segundo maior vulcão da Indonésia e famoso pelas trilhas íngremes, com trechos estreitos junto a penhascos e áreas de solo arenoso que aumentam o risco de quedas.
Segundo a comunidade local de montanhistas, o Rinjani não é recomendado para iniciantes e é mais adequado a trilheiros experientes.
As trilhas são estreitas e rochosas, com ravinas íngremes e trechos de areia solta que tornam a escalada particularmente escorregadia e perigosa.
“Os montanhistas costumam iniciar a subida por volta das 2h da manhã para tentar ver o nascer do sol do cume, geralmente usando lanternas simples que oferecem pouca visibilidade”, explica Astudestra Ajengrastri, indonésia e editora assistente do Asia Production Digital Hub da BBC.
“Normalmente, são acompanhados por guias, mas a combinação de escuridão, terreno instável e clima imprevisível aumenta bastante o risco. Localizado em uma região remota e sem acesso a transporte motorizado, todo o trabalho de resgate depende de equipes que se deslocam a pé.”
Ajengrastri aponta que, em períodos de mau tempo, ventos fortes podem se transformar rapidamente em tempestades, e a chuva deixa as trilhas arenosas ainda mais perigosas.
“Uma neblina densa frequentemente cobre a montanha, ocultando penhascos e reduzindo drasticamente a visibilidade — o que impõe desafios adicionais tanto aos escaladores quanto às equipes de resgate”, diz Ajengrastri.
“A montanha ficou fechada entre janeiro e março deste ano, durante a estação chuvosa da Indonésia, e só foi reaberta após ser considerada segura.”