
Novas imagens de um circuito de segurança mostram feminicidio seguido de homicídio em Marizópolis, no Sertão da Paraíba. No dia 6 de maio de 2025, Francisca Carla Veríssimo Ramalho e Adriano Pereira Alves foram mortos a tiros pelo sargento da Polícia Militar José Almi Pinheiro, que foi denunciado pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) na sexta-feira (18).
Carla estava no trabalho, um açaí. Nas imagens, ela aparece sentada em uma mesa, jogando dominó com três crianças, quando José Almi Pinheiro chega de carro com os faróis apagados e desce do veículo atirando. As crianças correm, e mesmo depois que a mulher está no chão, o homem continua atirando.
Em seguida, o homem é visto entrando no estabelecimento. Lá dentro, no banheiro, ele atirou várias vezes contra Adriano Pereira Alves, dono do açaí, que também morreu no local. À TV Paraíba, a mãe de Carla, Maria Mendonça da Silva, de 72 anos, lamentou que a filha não tenha tido chances de defesa.
“Minha filha não teve chance de nem se levantar da cadeirinha que ela estava brincando com as crianças. Não sei como mantiveram a vida daquelas criaturas, daquelas criancinhas”.
A defesa do Sargento José Almi Pinheiro informou o caso se trata “de um episódio isolado e profundamente lamentável, cujas circunstâncias reais e jurídicas ainda serão devidamente apuradas durante a instrução processual […] A defesa reitera que a verdade real dos acontecimentos será devidamente demonstrada nos autos processuais, com base em provas técnicas e sob os cuidados do Poder Judiciário, que é o foro adequado para análise dos elementos que envolvem o caso”.
Denúncia do MPPB
Segundo o Ministério Público, o policial agiu por vingança e ciúmes. Ele foi denunciado por feminicídio com agravantes de violência doméstica, meio cruel e surpresa, e por homicídio triplamente qualificado, por motivo de ciúmes, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima.
A denúncia detalha que Carla estava na calçada com três crianças quando o sargento chegou com os faróis do carro apagados. Ele desceu armado do veículo e atirou quatro vezes contra ela, inclusive quando já estava no chão. Em seguida, trocou de arma e atirou 10 vezes contra Adriano, que havia se escondido no banheiro do local.
Os laudos confirmaram que os disparos foram à curta distância. As armas usadas foram apreendidas com o sargento, e exames de balística comprovaram que os projéteis encontrados nas vítimas partiram delas.
Após o crime, José Almi fugiu para o Ceará e se entregou na cidade de Iguatu, onde foi preso em flagrante, ainda com as duas pistolas.