Em uma iniciativa considerada histórica para a saúde indígena no país, o governo federal anunciou que pretende interconectar todas as unidades de saúde voltadas à atenção primária dos povos originários até o final de 2026. O plano prevê a instalação de internet de qualidade em todos os estabelecimentos públicos de saúde indígena, como parte de uma política de inclusão digital e fortalecimento da atenção básica nas comunidades.
A medida, segundo o Ministério da Saúde, visa garantir maior agilidade no atendimento, facilitar o acesso a prontuários eletrônicos, ampliar o uso de telemedicina e assegurar a comunicação eficiente entre profissionais de saúde e populações indígenas, muitas delas localizadas em regiões remotas e de difícil acesso.
A proposta foi anunciada em meio às celebrações do Abril Indígena, mês dedicado à valorização das culturas originárias e à luta pelos direitos dos povos indígenas no Brasil. Comemorado anualmente, o período reforça a importância da diversidade e da riqueza cultural dos quase 1,7 milhão de brasileiros que, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), se autodeclaram indígenas, pertencentes a uma das 305 etnias reconhecidas em território nacional.
A conectividade será implementada por meio de parcerias entre o governo federal, estados, municípios e organizações indígenas, com apoio de recursos públicos e tecnológicos. O projeto também prevê a capacitação de profissionais de saúde para o uso das novas ferramentas digitais, respeitando as línguas e os saberes tradicionais das comunidades.
Lideranças indígenas comemoraram o anúncio, mas alertaram para a necessidade de que a implantação seja feita com diálogo e respeito à autonomia dos povos. “A internet pode ser uma ponte entre o saber tradicional e a ciência moderna, desde que venha para somar, não para substituir nossas formas de cuidado e de vida”, declarou Sonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas.
Além de fortalecer o atendimento médico, a iniciativa é vista como um passo importante para garantir o direito à comunicação e à informação das comunidades indígenas, ampliando sua presença no debate público e na construção de políticas públicas.
A conectividade das unidades de saúde indígena integra um conjunto mais amplo de ações voltadas ao desenvolvimento sustentável e à garantia de direitos básicos para os povos originários. Até 2026, o governo espera não apenas reduzir desigualdades históricas, mas também construir pontes de respeito, conhecimento e justiça social.