Pernambuco avança em sua estratégia de transição energética com a planta de biometano da Orizon, em Jaboatão dos Guararapes.
O combustível renovável, que será distribuído pela Copergás, representa uma mudança importante no aproveitamento de resíduos e na descarbonização da matriz de gás canalizado do estado. A princípio, esta iniciativa acontece num contexto nacional que regula e estimula o biometano a partir de 2026, com metas obrigatórias e incentivos regulatórios.


O que está sendo feito em Pernambuco
- A Orizon vai gerar biometano a partir de resíduos sólidos urbanos, por meio de digestão anaeróbica de matéria orgânica. O resíduo que antes ia para aterros passa a ser matéria-prima para energia limpa.
- Copergás será responsável pela distribuição do gás renovável na rede canalizada do estado, substituindo parte do gás natural fóssil.
- A planta já emprega aproximadamente 500 pessoas e a expectativa é de mais postos conforme a planta entre em operação comercial.
- A unidade da Orizon em Jaboatão é apontada como a maior planta de biometano do Nordeste em capacidade ou em escala estratégica para o futuro energético regional.
Complementando o projeto estadual, o Brasil também instituiu uma série de regulamentações recentes que colocam o biometano no centro da política energética sustentável:
Regulamentação / Lei / Decreto | O que estabelece | Início / Meta inicial |
---|---|---|
Lei nº 14.993 / “Combustível do Futuro” | Criação do Programa Nacional de Descarbonização do Produtor e Importador de Gás Natural e de Incentivo ao Biometano. | Lei foi sancionada em 2024. |
Decreto nº 12.614 de setembro de 2025 | Regulamenta essa lei, definindo metas obrigatórias anuais de redução de emissões de gases do efeito estufa por meio do uso de biometano ou dos Certificados de Garantia de Origem do Biometano (CGOB). | A partir de 2026, meta mínima inicial de 1%, podendo crescer até 10%. |
Resoluções ANP nº 886/2022 e nº 906/2022 | Estabelecem normas de especificação para o biometano de diversas origens (resíduos sólidos, resíduos de aterros sanitários, resíduos agropecuários), definindo padrões de qualidade para uso industrial, veicular, residencial. |
Benefícios esperados e impactos regionais
A implementação desse tipo de planta e as novas regras trazem uma série de vantagens para Pernambuco e para o Nordeste em geral:
- Descarbonização: Reduzir significativamente o uso de gás natural fóssil dentro da matriz energética estadual, colaborando para metas climáticas nacionais.
- Valorização de resíduos: Resíduos sólidos urbanos que eram descartados ganham valor como matéria-prima energética, reduzindo impacto ambiental e custos de manejo de lixo.
- Geração de empregos locais: Com instalação, operação, logística e manutenção da planta, há crescimento de postos de trabalho diretos e indiretos.
- Segurança energética: Aumenta a diversidade de fontes, tornando o sistema mais resiliente e menos dependente de combustíveis fósseis importados ou externos ao estado.
- Benefícios econômicos: Ao inserir um novo produto na cadeia energética, há possibilidades de benefícios tarifários, desenvolvimento industrial local e atração de novos investimentos.
Desafios e condições para sucesso
Para que o biometano realmente alcance todo seu potencial no Nordeste, alguns pontos precisam ser observados:
- Infraestrutura de transporte e distribuição de gás deve estar preparada para integrar o biometano na rede.
- Certificação (CGOB) e rastreabilidade precisam funcionar bem para garantir qualidade, transparência e confiabilidade do biometano.
- Incentivo regulatório e linhas de financiamento acessíveis serão decisivos para viabilizar mais plantas semelhantes.
- Esforço contínuo em educação ambiental, fiscalização e políticas estaduais alinhadas ao marco nacional para evitar entraves legais ou técnicos.
Portanto, com a nova planta da Orizon e as mudanças na regulação nacional, Pernambuco assume papel de liderança no Nordeste para o biometano. A união de iniciativas locais concretas e metas regulatórias federais estabelece um novo panorama energético, que alia sustentabilidade, geração de empregos e redução de emissões.
Afinal, o que se desenha é uma virada estratégica: o estado pode se tornar um hub regional de biometano, alinhado às demandas climáticas globais e às políticas de energia renovável, com reflexos positivos para economia, meio ambiente e sociedade.
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