O presidente Lula assinou, em 17 de setembro de 2025, a Medida Provisória que institui o Regime Especial de Tributação para Serviços de Datacenter (Redata), parte da nova Política Nacional de Datacenters (PNDC), vinculada à Nova Indústria Brasil. Com validade imediata (sendo que deve ser ratificada pelo Congresso em até 120 dias), a MP busca criar um ambiente fiscal favorável para atrair investimentos em computação em nuvem, inteligência artificial, Internet das Coisas e demais tecnologias da Indústria 4.0.
Por que o Nordeste é crucial no novo cenário de datacenters?
O Nordeste brasileiro surge como uma das regiões com grandes vantagens comparativas para abrigar esses novos empreendimentos:
- Energia renovável abundante: A geração eólica, solar e outras fontes limpas têm forte presença no Nordeste, o que reduz custos operacionais dos datacenters e os torna mais sustentáveis.
- Proximidade de cabos submarinos e conectividade internacional: Municípios como os do litoral nordestino, por exemplo no Ceará, já disputam projetos bilionários de infraestrutura digital beneficiados por essa conectividade.
- Políticas públicas e incentivos fiscais já existentes: Há iniciativas como chamadas da Sudene para neoindustrialização, benefícios de redução no IRPJ e regimes especiais que reduzem carga tributária para empreendimentos industriais no Nordeste, estimulando atração de capital privado e geração de emprego.
Principais pontos do Redata que favorecem o Nordeste


A nova MP prevê contrapartidas menores para empresas que instalarem ou ampliarem datacenters nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, reduzindo exigências relativas a investimento em pesquisa & desenvolvimento e à capacidade mínima de processamento ou armazenamento de dados.
Além disso:
- Isenções de tributos como PIS/Pasep, Cofins, IPI sobre equipamentos de TIC, nacionais ou importados, usados na implantação, ampliação ou manutenção dos datacenters.
- Equipamentos que não têm similar nacional também ficam isentos do imposto de importação.
- Empresas terão que investir 2% do valor dos bens adquiridos (nacionais ou importados) em projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação.
- No caso do Nordeste (e Norte/Centro-Oeste), há redução de 20% nos requisitos relativos a essas obrigações.
Impactos esperados para a região Nordeste
Se o Redata for bem implementado, os efeitos no Nordeste podem ser bastante positivos:
- Descentralização da infraestrutura digital: Atualmente, grande parte dos data centers está concentrada no Sudeste; o estímulo pode promover uma distribuição mais equitativa.
- Geração de empregos qualificados: Implantação, operação e manutenção de datacenters exigem mão de obra especializada, estimulando cursos técnicos, universidade, pesquisas.
- Aumento da competitividade local: Municípios nordestinos podem se tornar polos de inovação digital, recebendo investimentos em infraestrutura, rede elétrica, conexão de fibra óptica, etc.
- Benefícios econômicos e sociais: Atração de capital privado, valorização de terrenos, melhoria de serviços de internet, possível queda nos custos de serviços digitais para populações locais.
Desafios e condições para que o Redata funcione bem no Nordeste
Não obstante suas vantagens, para que o regime Redata realmente cumpra o papel de fomentar o Nordeste, algumas condições são essenciais:
- Infraestrutura de suporte (energia estável, refrigeração, drenagem, conectividade de alta capacidade).
- Licenças ambientais e de uso de solo bem articuladas, considerando níveis de seca ou períodos de estiagem em algumas regiões.
- Acesso a crédito com taxas competitivas para empresas menores que queiram investir no setor.
- Formação de capital humano local para suprir demanda por técnicos, engenheiros, especialistas em gestão de dados, segurança da informação etc.
Perspectivas econômicas
O governo reservou R$ 5,2 bilhões no orçamento para o Redata em 2026. Estima-se que os incentivos deste programa possam atrair cerca de R$ 2 trilhões em investimentos privados ao longo de 10 anos.
Portanto, a criação do Redata representa uma virada estratégica para a economia digital brasileira e coloca o Nordeste em posição de destaque. Além disso, com incentivos fiscais diferenciados, abundância de energia limpa e crescente conectividade internacional, a região tem condições de se consolidar como polo de inovação tecnológica e infraestrutura digital.
Afinal, se bem aproveitado, o programa pode não apenas descentralizar os investimentos, mas também gerar empregos qualificados, fortalecer a indústria local e reduzir desigualdades regionais. Para especialistas, o desafio agora é transformar o potencial em realidade, garantindo que os datacenters se tornem um motor de desenvolvimento sustentável e competitivo para todo o país, com o Nordeste na linha de frente dessa transformação.
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