Vicente Serejo
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Não foi por omissão desejada, JLM, mas, pelo espaço limitado de apenas trinta linhas para a crônica. Por isso, não disse da riqueza sobre a festa da pequena bibliografia reunida nesta caverna de livros velhos, citada na crônica anterior. Não quis – pra que negar? – empanturrar o leitor com citações de vários títulos, seguidas de pequenos comentários. Mas, se você cobra, e se aqui vive o vigia de um mundo sem eira e nem beira, vão alguns dos grandes clássicos que estudam a festa.

Como preâmbulo desse pequeno arrazoado, certamente desarrazoado para muitos, a festa teve sempre a sua importância como tema de grandes estudos. Andei um tempo com a mania de ser professor de sociologia da comunicação. Até que passasse, virei mundos e fundos convencido de que seria mais fácil explicar a massificação dos rebanhos. Mas, do inevitável naufrágio, restaram no convés que essa nau levava uns poucos livros e os olhos, quando nada, acesos pela curiosidade.

Naquele tempo de descobertas, o primeiro a chamar a atenção foi Jean Duvignaud, quando a Tempo Brasileiro, em 1983, traduziu e lançou no Brasil ‘Festas e Civilizações’. Dois anos antes do pequeno volume que reuniu os ensaios de Marlyse Meyer e Maria Lúcia Martins. Só quatro anos depois, em 1987, outro clássico francês: Jacques Heers, chega aos leitores brasileiros através de uma editora portuguesa, a grande Dom Quixote, com o revolucionário ‘Festas de Loucos e Carnavais’.

Sincero, Duvignaud (1921-2007), confessa que seu grande ensaio “muito deve ao Brasil”, guiado por influência do talento de Roger Bastide, o genial autor de ‘Tristes Trópicos’. Aqui, nos anos sessenta, e em várias viagens, ele viu de terreiro de umbanda a Bumba-Meu-Boi. É um milagre que tenha encontrado esse volume numa viagem a Lisboa. O ‘Festas de Loucos e Carnavais’, reúne várias e profundas visões das festas, desde os clérigos e festejos profanos, entre virtudes e pecados.

Mas, foi em 1992 que Portugal reuniu, em três volumes, as comunicações apresentadas no VIII Congresso Internacional sobre ‘A festa’, Lisboa, 8 a 22 de novembro. É uma as duas maiores e mais ricas reuniões de estudiosos de várias partes do mundo ibérico promovido pela Sociedade Portuguesa de Estudos do Século XVIII. Coordenação da professora Maria Helena Carvalho dos Santos, para quem a festa será sempre a “síntese de comportamentos da história da humanidade”.

Na bibliografia brasileira, o mais relevante é ‘Festa – Cultura e Sociabilidade na América Portuguesa’, organização de István Jancsó e Iris Kantor, da Universidade de São Paulo. São dois pesados volumes encadernados, com ensaios eruditos e bem sequenciados, e uma breve introdução dos seus bons organizadores, a partir de uma epígrafe de Machado de Assis: “… para pintar aos seus contemporâneos um Brasil que eles já não hão de conhecer”. É o que Basta. O resto é rebolado…

PALCO

AVISO – E a caixa de cimento, cheia de águas de esgoto, a céu aberto, entre dois grandes hotéis da Costeira, ninguém viu? Quem atesta que a reforma das redes pluvial e de esgotos está correta?

QUEM? – A Prefeitura, o Governo, com a Caern, ou a Fundação de Pesquisa da UFRN, a quem cabe responder pela melhor solução técnica, ainda que possa representar um investimento maior?

LUTA – O ex-prefeito Álvaro Dias não declara, é do receituário político, mas sabe que vai ter à sua frente a candidatura de Rogério Marinho para governador. É hora de saber e cedo para dizer.

ALIÁS – Dias sabia, ao apoiar Paulinho Freire, que ao seu lado estava o senador Marinho e com todas as credenciais para lançar-se ao governo. E o privilégio de ainda ter quatro anos no Senado.

MAIS – E Sabia, ainda, que não será fácil afastar a candidatura de Alysson Bezerra se até 2026 ele continuar liderando as pesquisas. O que pode ser muito bom para o ex-prefeito postular o Senado.

TRILHAS – A notícia vem de Tarcísio Gurgel. Ele e Geraldo Queiroz seguem todas as trilhas de Sanderson Negreiros para a biografia que contará a vida de um intelectual de verdade. Que bom!

POESIA – Sophia de Mello Breyner, nas águas encantadas do seu mar profundo, assim: “No fundo do mar há brancos pavores, / Onde as plantas são animais /E os animais são flores”.

SOLIDÃO – De Nino, o filósofo melancólico do Beco da Lama, ensinando um amigo a conviver com a solidão: “A solidão é um privilégio para quem sabe vivê-la sem mágoas”.

CAMARIM

VIÚVA – Vai ser dia 26 próximo, no Palácio Potengi, sede da Pinacoteca, o lançamento novo livro de Elza Bezerra Cirne: “Viúva Machado’, A grandeza de uma mulher”, na tarde-noite de autógrafos que deve começar às 17h. A biografia que Natal devia a um dos seus nomes históricos.

ALIÁS – Numa pesquisa ampla, Elzinha cuidou de refazer a Natal daquelas primeiras décadas do século passado, e, nela, a figura forte e reclusa da Viúva Machado. Será uma ocupação nos salões: maquete e mapa histórico de Natal. O livro tem belas ilustrações de José Clewton do Nascimento.

ATENÇÃO – A prevenção ao câncer de rim é o tema da campanha da Sociedade Brasileira de Urologia no Brasil e aqui no RN. A luta é em favor do diagnóstico precoce com a chance de cura da ordem de 90%. Basta um simples exame de ultrassom ser possível perceber se há alguma lesão.

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