O Brasil retornou ao grupo dos 20 países com maior número de crianças não vacinadas no mundo. A informação consta em relatório divulgado pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e pela OMS (Organização Mundial da Saúde), com base em dados referentes ao ano de 2024. Após avanços registrados no ano anterior, que haviam retirado o país do ranking, a piora na cobertura vacinal resultou em uma regressão preocupante. O Brasil ocupa agora a 17ª posição na lista.
Segundo o relatório, aproximadamente 229 mil crianças brasileiras não receberam nenhuma dose da vacina tríplice bacteriana (DTP), que protege contra difteria, tétano e coqueluche. No Brasil, essa imunização é aplicada por meio da vacina pentavalente, disponibilizada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). Em 2023, o número de crianças sem essa dose era de 103 mil.
A ausência da DTP é considerada um indicativo crítico, já que define a criança como “zero dose” ou seja, sem nenhuma vacina de rotina registrada. Essa classificação representa um alerta para o sistema de saúde pública, pois evidencia falhas no acesso e na adesão às campanhas de imunização infantil.
Especialistas apontam que o aumento expressivo de crianças não vacinadas pode estar relacionado a múltiplos fatores. Entre eles, estão a desinformação sobre vacinas, a queda na confiança em imunizantes, o impacto de movimentos antivacina e barreiras logísticas, como a dificuldade de acesso a serviços de saúde em áreas mais remotas ou vulneráveis.
O relatório destaca ainda que a queda na cobertura vacinal é um fenômeno global, agravado pela pandemia de Covid-19. No entanto, a retomada lenta e desigual da vacinação infantil tem afetado de forma mais acentuada países com grandes populações e desigualdades sociais marcantes, como o Brasil.
Em resposta aos dados, organizações de saúde e autoridades públicas têm reforçado a importância da vacinação infantil como uma estratégia essencial de prevenção de doenças e proteção coletiva. O Ministério da Saúde já havia anunciado, ainda em 2024, a ampliação de campanhas de conscientização e a integração de estratégias com estados e municípios para recuperar os índices perdidos.
A inclusão do Brasil nesse ranking internacional é um sinal de alerta. Representa a urgência de políticas públicas mais eficazes e ações coordenadas para garantir que nenhuma criança fique sem proteção contra doenças preveníveis por vacina.