No fim da tarde da última quarta-feira (14), moradores de diversas cidades baianas foram surpreendidos por um fenômeno luminoso no céu: uma espécie de bola de fogo cruzando o horizonte, deixando um rastro brilhante e gerando muita curiosidade (e vídeos) nas redes sociais.

O que muitos pensaram ser um meteoro ou algum evento raro da astronomia, na verdade, era lixo espacial. Isso mesmo: a beleza do espetáculo veio de um pedaço de satélite ou de foguete desativado, que estava retornando à Terra.

O que é lixo espacial?

Lixo espacial é o nome dado a objetos construídos pelo ser humano que orbitam a Terra, mas já não têm mais utilidade. Isso inclui satélites desativados, pedaços de foguetes, ferramentas perdidas por astronautas e até parafusos. Quando esses objetos perdem velocidade ou entram em órbitas mais baixas, acabam sendo puxados pela gravidade e reentram na atmosfera.

Foi exatamente isso que aconteceu no céu do Nordeste.

Explicação científica: velocidade revela a origem

O astrônomo Renato Las Casas, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), explicou que a principal pista para identificar o objeto como lixo espacial foi sua velocidade reduzida.

“Pelo fato do objeto estar em baixa velocidade, eu descarto a possibilidade de ser um meteoro. Sobra então ser um lixo espacial, que está aqui mesmo na nossa atmosfera. O meteoro vem de longas distâncias e tem uma energia bem maior, então entra na nossa atmosfera com velocidade bem maior do que o lixo espacial”, afirmou o especialista.

Como observar esse tipo de espetáculo no céu?

Apesar de parecerem raros, reentradas de lixo espacial podem ser ocorrer algumas vezes ao ano, e o Brasil — especialmente o Nordeste, por estar mais próximo da linha do Equador — tem boa visibilidade desses eventos. Veja abaixo algumas dicas para aproveitar esses momentos no céu:

Como observar reentradas de lixo espacial e fenômenos similares

Dica Descrição
🔭 Acompanhe sites de rastreamento Portais como Heavens Above e CelesTrak informam passagens e reentradas de satélites.
🕐 Fique atento ao horário do crepúsculo Muitas reentradas acontecem ao entardecer ou amanhecer, quando o céu está escuro, mas ainda com luz suficiente para iluminar objetos altos.
👀 Olhe para o céu limpo e sem luzes urbanas Evite áreas com poluição luminosa para ter uma visão clara do fenômeno.
📱 Siga astrônomos e perfis de ciência nas redes sociais Eles costumam avisar com antecedência sobre eventos astronômicos e possíveis reentradas.
🌍 Preste atenção ao sentido da trajetória Reentradas costumam seguir uma linha contínua no céu, com brilho constante e, às vezes, fragmentação.
🎥 Registre! Se puder, grave ou fotografe. Isso ajuda especialistas a identificarem o objeto.

Um espetáculo inesperado — e um alerta silencioso

Além de proporcionar um verdadeiro show no céu, o episódio também chama atenção para um problema crescente: o aumento do lixo espacial. Estima-se que existam mais de 34 mil objetos maiores que 10 cm orbitando a Terra, além de milhões de fragmentos menores.

Esses resíduos não apenas oferecem risco para satélites ativos e missões espaciais, como também representam possíveis riscos à superfície terrestre — mesmo que a maioria se desintegre ao reentrar na atmosfera, como o caso observado.

Ver uma “bola de fogo” cruzando o céu é um momento raro e encantador, mesmo que a origem seja algo tão prosaico quanto um pedaço de metal queimando no espaço. Com a popularização da astronomia amadora e o acesso à informação, cada vez mais brasileiros podem participar e entender fenômenos como esse.

Então, da próxima vez que olhar para o céu, lembre-se: pode haver ciência (e um pouco de lixo) brilhando lá em cima.





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