Se você acompanha os noticiários econômicos, já deve ter se deparado com uma manchete surpreendente: o Nordeste está na vanguarda da luta contra a pobreza no Brasil. Mas o que está por trás desse fenômeno? Um levantamento recente do FGV Ibre joga luz sobre essa transformação, revelando números robustos e as forças motrizes dessa mudança significativa. Vamos mergulhar nos dados e entender por que a região Nordeste está liderando, com folga, essa corrida rumo a um patamar social mais justo.

Nordeste na vanguarda da luta pelo fim da pobreza

A princípio, entre 2022 e 2024, nada menos que 6,5 milhões de nordestinos superaram a linha de pobreza, estabelecida pelo Banco Mundial em uma renda per capita inferior a R$ 696 por mês. Esse número monumental representa 37,4% de todas as pessoas que saíram da pobreza no Brasil no período – um feito e tanto para uma região que historicamente carrega os piores índices socioeconômicos do país.

Ao mesmo tempo, para entender a magnitude dessa mudança, basta olhar a proporção da população nordestina vivendo abaixo dessa linha: ela despencou de 57,5% para 39,6%, uma queda vertiginosa de 17,9 pontos percentuais. Dessa forma, é a maior redução proporcional entre todas as regiões do país.

A tabela abaixo ilustra como a pobreza recuou em todo o Brasil, destacando a posição relativa de cada região:

Região Taxa de Pobreza (2022) Taxa de Pobreza (2024) Variação (p.p.) Posição em relação à Média Nacional (2024)
Nordeste 57,5% 39,6% -17,9 p.p. Acima (23,4%)
Norte 53,1% 37,3% -15,8 p.p. Acima (23,4%)
Centro-Oeste 29,5% 18,2% -11,3 p.p. Abaixo
Sudeste 29,1% 17,5% -11,6 p.p. Abaixo
Sul 23,8% 13,8% -10,0 p.p. Abaixo
Brasil 36,9% 23,4% -13,5 p.p.

Fonte: Adaptado do Centro de Estudos para o Desenvolvimento do Nordeste (FGV Ibre). Dados ilustrativos com base no texto fornecido.

O motor da transformação: transferência de renda + emprego

Dois fatores principais alimentaram essa transformação: a elevação do patamar dos programas de transferência de renda (como o Auxílio Brasil, hoje Bolsa Família redesenhado) e um mercado de trabalho mais aquecido.

No entanto, especialistas apontam que o papel dos benefícios sociais foi decisivo. Esse impacto é visível nos números de renda. Em suma, o Nordeste registrou o maior salto da renda domiciliar per capita familiar média do país no período: uma alta expressiva de 20,2%.

Jovens Procurando Emprego

Os Desafios Estruturais que Permanecem

Apesar do progresso inegável, é crucial não romantizar a situação. A celebração dos dados vem acompanhada de alertas sobre fragilidades profundas.

Contudo, o Nordeste ainda concentra os estados com os piores níveis de renda do Brasil. Maranhão (R$ 1.078) e Ceará (R$ 1.210) figuram, respectivamente, na última e penúltima posição no ranking nacional. Desse modo, seis dos nove estados nordestinos estão no terço mais pobre da federação.

Outro sinal de alerta é a participação do rendimento do trabalho na composição da renda familiar, que vem caindo desde 2015 e ficou em 67,3% em 2024, abaixo da média nacional de 74,9%. Para Miro, isso é sintomático das “fragilidades estruturais” do mercado de trabalho regional, marcado por:

  • Predominância de micro e pequenas empresas;
  • Alta informalidade;
  • Setores de baixa produtividade;
  • Uma força de trabalho com níveis historicamente menores de escolaridade e qualificação.

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