Com a chegada do período junino, o alerta para os riscos de queimaduras volta à tona. Especialistas alertam que a maior parte dos acidentes envolvendo queimaduras ocorrem dentro de casa. Durante entrevista ao programa Tribuna Livre, da Jovem Pan News Natal (93.5 FM), nesta sexta-feira (13), o tenente do Corpo de Bombeiros Alan Azevedo e o médico cirurgião plástico e coordenador do CTQ do Hospital Walfredo Gurgel, Marco Almeida, destacaram os principais fatores de risco e como preveni-los.

“A maioria desses acidentes acontecem no ambiente doméstico”, afirmou o tenente Alan Azevedo. Segundo ele, os grupos mais vulneráveis são crianças e idosos, que muitas vezes não têm noção dos perigos ao seu redor. Fogão, gás de cozinha e álcool são os vilões mais comuns, conforme informou o tenente.

O médico Marco Almeida reforçou que 70% a 80% dos acidentes com queimaduras ocorrem dentro do lar, com destaque para a cozinha. “Por isso que um slogan muito forte em campanha de prevenção é: lugar de criança é fora da cozinha”, pontuou.Ele orienta o uso das bocas de trás do fogão e que os cabos das panelas estejam sempre virados para trás. Também é importante evitar toalhas compridas sobre a mesa, que podem ser puxadas por crianças.

O tenente Azevedo relatou um caso pessoal para ilustrar o perigo presente na própria cozinha: “Quando eu tinha cerca de cinco anos de idade, correndo na cozinha, choquei com o fogão e caiu água quente por cima de mim. Tive 50% do corpo queimado”. O doutor Marco Almeida completa: “Isso se chama escaldamento. É muito grave, porque vai da cabeça aos pés aquele líquido superaquecido. Escaldamento mata.”

Ele ainda critica uma prática cultural recorrente nas festas juninas: “Meu filho vai para uma festa de São João e eu tenho que encher o bolso dele de bombinha e de chumbinho. Que benefício é esse? Que benfeitoria é essa para o meu próprio filho?”, questiona o médico, que relata já ter atendido inúmeros casos de crianças com cegueira causada por explosivos caseiros.

Outro ponto a se evitar é o uso de álcool ou combustíveis alternativos na cozinha, muitas vezes adotados por famílias em situação de vulnerabilidade. “Infelizmente isso tem levado a sequelas gravíssimas. Toda vez que aumenta [o valor] do gás de cozinha, as pessoas menos favorecidas acabam cozinhando com álcool, combustível que inclusive é proibida a venda”, alerta Almeida.

O médico também chama atenção para os riscos relacionados à má conservação dos eletrodomésticos. Ventiladores, por exemplo, são frequentemente associados a incêndios. “Todo serviço que eu tiro tem alguma ocorrência relacionada a ventilador, e é rápido: em torno de dois minutos já se expande. A carga de incêndio dentro de uma residência é muito grande”, explicou o bombeiro.

Ele recomenda ainda cuidados com instalações elétricas, como tomadas sem proteção e fios desencapados. “A gente tem que colocar uma tampa em cada tomada, porque as crianças enfiam o dedo, um metal qualquer… A gente tem tido muita mãozinha com perda de dedo. Sequelas gravíssimas”, relatou Marco Almeida.

Em caso de queimaduras, o atendimento deve ser imediato e feito da forma correta. “Não se passa absolutamente nada”, alerta Almeida, explicando que substâncias caseiras podem atrapalhar a avaliação médica e até colar na pele, dificultando a remoção. “Lava com água corrente natural. Não se coloca nada gelado, porque o gelo também vai queimar pela temperatura negativa. Se tiver algum detrito, tira de cima da pele e cobre com um pano limpo. Vai no médico imediatamente, porque as primeiras horas para uma queimadura grave são fundamentais.”

Confira entrevista completa na Jovem Pan News Natal (93.5 FM):



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