Impulsiona a economia do Nordeste, movimentando desde pequenos comércios de rua até grandes centros de compras e redes hoteleiras.

Comidas típicas, forró, trajes caipiras e muita animação tomam conta das ruas, praças e centros culturais no mês de junho. Mas, além de reunir tradição, cultura e música, o São João também aquece significativamente a economia do Nordeste, transformando-se em um dos principais vetores de crescimento econômico da região.

Cidades como Salvador (BA), Recife (PE), São Luís (MA), Caruaru (PE) e Campina Grande (PB) se tornam grandes vitrines do potencial junino, movimentando desde pequenos comércios de rua até grandes centros de compras e redes hoteleiras.

 Comércio aquece com chegada dos festejos juninos

Com a aproximação de junho, o clima festivo se reflete diretamente no consumo. Toda a preparação do comércio  já começa  para os festejos de Santo Antônio e o seu Dia dos Namorados. Mas nessa época do ano, os produtos como comidas típicas (milho, pamonha, canjica), artigos de vestuário (roupas xadrez, vestidos caipiras), tecidos estampados e decorações temáticas invadem vitrines e barracas populares.

A princípio, o setor varejista registra um crescimento expressivo nesse período. A Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) estima um aumento de 2,5% nas vendas em comparação a 2024, com um faturamento acima de R$ 4 bilhões.

Consequentemente,lojas de tecidos, aviamentos, supermercados e vendedores informais se preparam com meses de antecedência para atender à demanda crescente. Camisas quadriculadas, bandeirinhas, balões e adereços juninos tornam-se itens de primeira necessidade nas semanas que antecedem as festas.

vitrine shooping São João foto reprodução

Geração de empregos temporários fortalece renda

A forte movimentação no comércio, no turismo e nos serviços impulsiona a contratação de mão de obra temporária. Além disso, segundo levantamento da consultoria Transite, a expectativa para o período é a geração de cerca de 19,6 mil vagas de trabalho temporário.

Segundo Vinícius Walsh, diretor da Transite:

“momentos como o São João são oportunidades valiosas para quem deseja se inserir no mercado de trabalho, buscar recolocação ou até mesmo mudar de área”.

Ele também destaca que muitos trabalhadores temporários conseguem efetivação ao demonstrar comprometimento e pró-atividade.

Turismo: hotéis lotados e renda extra com hospedagens alternativas

O São João também movimenta fortemente o setor turístico. Dessa maneiras, as festas de Caruaru e Campina Grande, por exemplo, atraem visitantes de todo o Brasil e até do exterior. A rede hoteleira local opera com taxas de ocupação que variam entre 85% e 100% durante os 45 dias de celebrações.

Por fim, para atender à alta demanda, muitos moradores disponibilizam suas residências para locação via plataformas como o Airbnb, garantindo uma importante renda extra no período. Além da hospedagem, o turismo ativa diversos setores da economia: transporte, alimentação, eventos e comércio de souvenires são diretamente beneficiados.

Pesquisa: 82% dos baianos esperam ganhar dinheiro no São João

Dados da pesquisa realizada pelo Serasa em parceria com o G1 apontam que o comércio local da Salvador cresce cerca de 61% durante os festejos juninos. A sondagem ouviu 344 baianos, dos quais 82% afirmaram esperar obter renda extra com as festas.

Os setores que mais crescem no estado durante o mês de junho são:

  • Alimentação (67%)
  • Entretenimento (63%)
  • Vestuário (57%)
  • Agricultura (45%)
  • Artesanato (24%)
  • Serviços (23%)

Outro dado relevante é que 67% dos entrevistados participam ativamente das festas e 47% celebram na própria cidade, o que fortalece o ciclo econômico local e descentraliza o turismo.

Eventos com milhões em circulação

São João Campina foto divulgação

 

Os grandes eventos juninos são o coração pulsante dessa movimentação econômica. Cidades como Campina Grande (PB), que realiza o autointitulado Maior São João do Mundo, e Caruaru (PE), com sua tradicional programação multicultural, recebem milhões de visitantes durante o mês de junho.

Além das festas nas cidades-polo, capitais como Salvador, Recife e São Luís também contam com programações oficiais promovidas por prefeituras e pelo setor privado, que reúnem artistas renomados, quadrilhas juninas, concursos de forró e apresentações culturais. Em Salvador, por exemplo, o São João atrai não só turistas, mas também um grande contingente de baianos que evitam viajar e aproveitam as festas locais.

Esses eventos movimentam fortemente a cadeia produtiva do entretenimento, com contratação de músicos, técnicos, seguranças, fornecedores de estrutura, empresas de som e iluminação, transporte e alimentação.

Estima-se que só o evento de Campina Grande injetou, em 2024, mais de R$ 500 milhões na economia local. Já Caruaru, com suas 45 noites de festa, tem impacto semelhante, impulsionando negócios formais e informais.

A presença de patrocinadores nacionais, a venda de ingressos em áreas privadas e os contratos com artistas de renome fazem dos eventos juninos um grande negócio para prefeituras, setor privado e comunidade local.

Impacto Econômico do São João no Nordeste

Setor Impactado Crescimento / Impacto
Comércio em geral Aumento de até 61% nas vendas, segundo dados do Serasa
Shopping Centers Faturamento estimado em R$ 4 bilhões (alta de 2,5%)
Comércio popular Alta demanda por roupas típicas, decoração e alimentos
Turismo e hotelaria Ocupação de 85% a 100% em cidades-polo como Caruaru e Campina Grande
Airbnb e hospedagem Renda extra para famílias com aluguel de imóveis
Geração de empregos 19,6 mil vagas temporárias previstas, segundo a Transite
Alimentação Setor com maior crescimento: 67% durante os festejos
Entretenimento Segundo setor com maior impacto: 63%
Agricultura 45% de crescimento com venda de insumos como milho e amendoim
Artesanato e serviços 24% e 23% de aumento, respectivamente

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São João, um motor da economia nordestina

Portanto, o São João vai muito além das quadrilhas, fogueiras e forrós. Trata-se de uma das maiores manifestações culturais do Brasil que, no Nordeste, se consolida como um verdadeiro motor econômico.  Afinal, a movimentação no comércio, no turismo, na hotelaria e nos serviços comprova que os festejos juninos são uma oportunidade real de geração de emprego e renda para milhares de nordestinos.

Com aumento expressivo nas vendas, ocupação máxima em hotéis, alta na procura por produtos típicos e crescimento do consumo em diversos setores, o São João se afirma, ano após ano, como um dos maiores impulsionadores da economia regional. Além disso, a tradição fortalece os vínculos culturais e promove o desenvolvimento local, valorizando o que há de mais autêntico na identidade nordestina.

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