Quase seis anos após o início do maior desastre ambiental já registrado no litoral brasileiro, o Ministério Público Federal (MPF) continua aguardando informações de autoridades estrangeiras para identificar a origem e os responsáveis pelo derramamento que afetou milhares de quilômetros de costa.
Panorama do desastre ambiental de 2029
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Início: Fim de agosto de 2019, com as primeiras manchas aparecendo na Paraíba.
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Impacto: Aproximadamente 3.600 km de litoral e mais de 130 cidades atingidas em estados do Nordeste, Espírito Santo e Rio de Janeiro.
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Volume recolhido: Mais de 5 mil toneladas de óleo removidas até março de 2020.
Gastos com a limpeza
Origem | Valor (março/2020) |
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Marinha | R$ 128,07 mi |
Petrobras | R$ 43,28 mi |
Ibama (total estimado) | R$ 187,64 mi |
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Pernambuco investiu R$ 9,18 mi para conter o impacto;
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RN gastou R$ 456 mil na limpeza e R$ 165 mil para salvar animais marinhos.
Relembre o caso:
Investigação e indiciamentos
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Em dezembro de 2021, a Polícia Federal apontou forte indicação de que o navio grego Bouboulina, da empresa Delta Tankers, foi responsável pelo derrame, indiciando também o comandante e o chefe de máquinas.
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O inquérito corre em segredo de justiça, o que impede o acesso público a detalhes da investigação.
Obstáculos jurídicos e ambientais
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Apesar do indiciamento, nenhuma multa foi aplicada pelo Ibama, que só pode agir após abertura de processo administrativo — ainda pendente.
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A Advocacia-Geral da União (AGU) não moveu ações de reparação, mantendo-se em silêncio judicial até o momento.
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Movimentos sociais e entidades socioambientais denunciam a demora nas respostas e exigem maior transparência e recompensas às comunidades atingidas.
🔎 O que falta esclarecer
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A autoria e rota do óleo, que depende de cooperação de autoridades da Grécia, Libéria e Ilhas Marshall.
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A razão para o atraso na ativação do Plano Nacional de Contingência, iniciado apenas 40 dias após o primeiro vazamento.
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A real dimensão dos impactos ambientais, sociais e à saúde, ainda sendo estudados por iniciativas como o Global Atlas of Environmental Justice.
O acidente que contaminou milhares de quilômetros do litoral nordestino ainda não teve seus culpados plenamente identificados e responsabilizados. A falta de informações internacionais, o segredo judicial e a inércia de órgãos federais dificultam a conclusão da investigação, aumentando a urgência por medidas decisivas.
A sociedade espera soluções concretas: severas punições, reparações ambientais e apoio às comunidades afetadas, melhorando não só o presente, mas prevenindo futuros desastres.