Nas redes sociais, a perfeição parece estar ao alcance de um clique. Corpos esculpidos, cabelos impecáveis, rotinas de autocuidado dignas de filmes. Mas será que essa busca incessante por um padrão inalcançável está realmente tornando as mulheres mais felizes? No Dia Internacional da Mulher, uma data que celebra conquistas e reflexões sobre os desafios femininos, especialistas alertam que a pressão estética pode afetar profundamente a autoestima e o bem-estar.
A constante comparação nas redes sociais afeta a autoestima feminina ao reforçar ideais inatingíveis de beleza, fazendo com que mulheres sintam que nunca são “o suficiente”.”Mesmo pessoas que estão muito dentro do padrão ainda assim não são felizes, porque toda vez que alguém chega nesse padrão, uma nova regra é inventada”, explica a psicóloga Andreína Mouta.
O que vemos nas redes sociais raramente representa a realidade. Aplicativos de edição, filtros e ângulos favorecem um ideal de beleza muitas vezes inatingível. Para a psicóloga, esse padrão não é real e, justamente por isso, nunca poderá ser alcançado.
“Esse cabelo perfeito, sem frizz, essa disposição que as pessoas mostram o dia inteiro para fazer autocuidado… tudo isso não condiz com a realidade. Não é todo mundo que pode pagar procedimentos estéticos ou ter tempo para treinar duas horas por dia e manter uma dieta super balanceada”, enfatiza Andreína.
O problema é que, mesmo sabendo disso, muitas mulheres ainda se sentem pressionadas a se encaixar nesses moldes. A influenciadora Victoria Santos já sentiu essa cobrança de perto. Para ela, a maior crítica que recebe é sobre seu sorriso. “Me cobram muito por causa do meu sorriso gengival e pequeno. Tem gente que critica mesmo, e outras que vêm dar aquele ‘conselho’ para eu colocar lentes”, falou Victoria, relembrando uma situação que viveu.
Apesar das pressões, Victoria encontrou na própria experiência uma forma de incentivar outras mulheres a se aceitarem. Ela explica que passou a aceitar o próprio corpo do jeito que ele é, sempre tentando melhorar, mas sem se punir por não ser “perfeita”. Através das suas redes, ela espera que outras meninas a vejam e pensem da mesma forma.


Jessika Alves, influenciadora que trabalha com moda plus size, acredita que o único padrão que deveria existir é o do bem-estar individual. “O único padrão que deveria existir é aquele onde cada uma se sente bem consigo mesma”, ressaltou.
“A mulher plus size enfrenta desafios únicos quando se trata de imagem corporal e auto aceitação. A sociedade, frequentemente, impõe padrões de beleza irrealistas que podem ser prejudiciais”, complementou Jessika.
Como evitar que a comparação destrua a autoestima?
De acordo com a psicóloga Andreína Mouta, o autoconhecimento e o apoio coletivo são essenciais para quebrar esse ciclo. “Não adianta só um esforço individual. Precisamos ajudar umas às outras, lembrar às nossas amigas que aquele padrão vendido nunca será alcançado por ninguém”, alertou a profissional.
“A terapia é um espaço de libertação das imposições que recebemos. Uma mulher pode chegar lá e descobrir que, mesmo sendo gorda, está saudável e não quer emagrecer. O papel do terapeuta é ajudá-la a lidar com a pressão externa e se sentir bem consigo mesma”, complementou a psicóloga, enfatizando que a terapia também pode ser uma aliada nesse processo, ajudando as mulheres a desconstruírem a necessidade de se encaixar em padrões irreais.
Enquanto o mundo das redes sociais continuar promovendo padrões inatingíveis, cabe às mulheres fortalecerem sua autoestima de dentro para fora e, acima de tudo, lembrar que a comparação nunca será justa – porque aquilo que se vê online nunca é a realidade completa.
No final, a mensagem que influenciadoras e especialistas deixam é clara: não há um único tipo de beleza. “Não adianta nada ser linda e ter um corpo escultural se você não for interessante. A beleza passa, mas a essência fica”, concluiu Victoria Santos.