Depois de 19 semanas em alta, as projeções para a inflação em 2025 se estabilizaram. Segundo a edição mais recente do Boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central (BC), os analistas de mercado acreditam que a inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechará o ano em 5,65%.
Apesar da estabilização, a inflação, caso se concretize a projeção, fechará o ano bastante acima da meta. Pelo novo sistema de metas contínuas, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabelece meta de inflação de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual, o que indica teto da meta de 4,5%.
Na última ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o BC informou que a inflação deve estourar o teto da meta no primeiro ano do regime de metas contínuas. O documento publicado em fevereiro reforçou a sinalização de que o Copom deve promover um novo aumento de um ponto percentual na próxima reunião, prevista para março, elevando a taxa básica de juros para 14,25% ao ano. Esse patamar, se confirmado, será o mais alto desde outubro de 2016, refletindo a postura mais rígida da autoridade monetária no combate à inflação.
O boletim Focus manteve em 15% ao ano a expectativa para a Taxa Selic (juros básicos da economia) no fim de 2025. A projeção está nesse nível há oito semanas consecutivas, indicando um cenário de juros elevados por um período prolongado. Para 2026, as instituições financeiras projetam juros básicos de 12,5% ao ano, com expectativa de nova queda para 10,5% em 2027 e 10% em 2028.
Atualmente, a Selic está em 13,25% ao ano. O ciclo de alta começou em setembro do ano passado, quando a taxa estava estacionada em 10,5%, e vem sendo impulsionado pela necessidade de controlar a inflação.
Em relação ao desempenho da economia neste ano, os analistas de mercado mantiveram em 2,01% a projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas) neste ano. O boletim Focus também manteve a expectativa de crescimento de 1,7% para 2026 e de 2% para 2027 e 2028, indicando uma trajetória de crescimento moderado nos próximos anos.
O crescimento econômico previsto reflete um cenário de atividade ainda contida, influenciado pela política monetária restritiva e pelas incertezas no cenário global. Os economistas consultados pelo BC destacam que o alto patamar dos juros deve continuar impactando o consumo e os investimentos nos próximos meses.