Convidada da primeira mesa do Encontros piauí, nesta terça-feira, em Brasília, a senadora Tereza Cristina (PP-MS) defendeu a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, dos ataques sofridos na na Comissão de Infraestrutura do Senado Federal, na semana passada. “Todas as vezes que Marina Silva esteve no Senado, sempre foram reuniões tumultuosas”, disse
A ex-ministra, então, foi interrompida por Basilia Rodrigues, analista política da CNN Brasil que a entrevistava ao lado do repórter da piauí, Breno Pires, se Marina Silva não merecia respeito. “Todo mundo merece respeito, principalmente as mulheres”, complementou Cristina.
Marina Silva foi ao Senado para debater questões relacionadas ao desenvolvimento no Norte do país. Na pauta, a perfuração da Foz do Amazonas para exploração do petróleo e a pavimentação da BR-319, rodovia federal que liga Porto Velho (RO) a Manaus (AM). Em ambos os casos, licenças ambientais travam os projetos.
Durante o encontro no Senado, a ministra foi alvo de ataques dos senadores Omar Aziz (PSD-AM), Marcos Rogério (PL-RO) e Plínio Valério (PSDB-AM), todos da região Norte. Valério afirmou que “a mulher merece respeito, a ministra não”. Rogério disse que a ministra “deveria se pôr no lugar dela”.
“Foi uma reunião de perde-perde. A ministra não ganhou e nem os senadores ganharam. A reunião deveria ter caminhado de outra maneira”, afirmou Tereza Cristina, que é uma das principais representantes do agro brasileiro. No entanto, a ex-ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento no governo Bolsonaro defendeu os senadores. “Eles estão indignados com algumas coisas que a região norte não consegue ter. A BR-319, por exemplo, você não consegue ir de Porto velho a Manaus. Você tem um caminho da roça e uma rodovia.”
Ela defende o projeto de Lei de Licenciamento Ambiental, que já foi aprovado pelo Senado e agora precisa da aprovação da Câmara. O texto tem sido criticado por Marina Silva, que prevê uma flexibilização exagerada das regras ambientais. “Acho que passa [na Câmara]. Precisa ser bem conduzido. Sou contra o açodamento de projetos importantes.”
Durante o evento, Tereza Cristina também afirmou que é preciso rever as “emendas pix” – a transferência de recursos via emenda parlamentar do governo federal para estados e municípios. O tema é alvo de discussões entre o Congresso e o Supremo Tribunal Federal, que pede maior transparência aos repasses.
“A maneira de mandar as emendas e trabalhar com elas precisa ser revisto. Hoje não há controle, nem governança, para onde essas emendas estão indo. Nunca falei isso, mas eu sempre desconfiei dessa ‘emenda pix’. Nunca mandei”, afirmou.
Por fim, Tereza Cristina também falou sobre os planos do agronegócio para as eleições do ano que vem. “O agro é conservador e pragmático, com uma tendência maior à direita”. Ela afirmou que a aprovação do Plano Safra no ano passado, com a liberação de 400 bilhões de reais para o agronegócio, em julho do ano passado, foi importante, mas só isso não justifica um possível alinhamento com o atual governo.
“O plano safra é pequeno e só financia um terço do agro. Nós precisamos analisar toda a economia [para um possível afastamento ou aproximação do governo]: dólar, juros… E nós temos um problema grave com a esquerda, que é o MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra]. Acredito que a centro-direita vai fazer as melhores escolhas para se organizar e ganhar a eleição. Mas ela precisa estar organizada.”