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    Piauí

    A mão invisível do PCC

    3 de setembro de 202512 Minutos de Leitura
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    Thiago Augusto Carvalho Ramos, um empresário paulistano radicado em Curitiba, não escondia o entusiasmo. “Temos que descansar pra estar bem pra colocar tudo pra andar… não é fácil ganhar 1k por mês kkkkk”, escreveu para o amigo Rafael Renard Gineste, numa troca de mensagens por WhatsApp. “Eu já estou até fazendo parcela em cima do dinheiro, KKKK”, respondeu Gineste. O diálogo aconteceu em dezembro de 2019. Poucos meses depois, os dois amigos passaram a fazer parte da “diretoria dos postos”, como era conhecida a operação de lavagem de dinheiro do PCC feita em postos de combustível. Os lucros de quem fazia parte da diretoria eram cheios de zeros: segundo a Polícia Federal, o “1k” a que Ramos se referia não eram mil reais, mas 1 milhão. Por mês.

    O esquema foi revelado na semana passada, numa das maiores operações da história do Brasil contra o crime organizado. A força-tarefa formada pela PF, Ministério Público de São Paulo e Receita Federal mobilizou 1,4 mil agentes em oito estados. O contingente espelha as dimensões do esquema criminoso: segundo os investigadores, a indústria de lavagem de dinheiro do PCC envolvia 1,2 mil postos de combustível e 42 fundos de investimento, além de fintechs e usinas de etanol. Em cinco anos, segundo a Polícia Federal, essa estrutura movimentou aproximadamente 140 bilhões de reais, dando aparência legal ao dinheiro que a facção arrecadava com tráfico de drogas e outras atividades criminosas.

    A investigação chamou atenção não só pela grandiosidade, mas por revelar laços entre o crime organizado e o mercado financeiro – algo que não costuma aparecer no noticiário policial. Dos 350 alvos da operação, 42 têm escritórios na Avenida Faria Lima, o coração financeiro do país. A PF diz que a lavagem de dinheiro era capitaneada por Roberto Augusto Leme da Silva, conhecido pelo apelido Beto Louco, e Mohamad Hussein Mourad, o Primo, dois empresários do setor de combustível de São Paulo. O centro gravitacional do esquema, segundo a polícia, era a BK Instituição de Pagamento, fintech também conhecida como BK Bank.

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    No Brasil, as fintechs têm direito a abrir “contas-bolsão”, um mecanismo que lhes permite administrar contas bancárias em outras instituições credenciadas no sistema financeiro. Numa conta-bolsão, é possível operar várias subcontas de clientes que não têm relação formal com a instituição financeira (por exemplo, um correntista da BK poderia ser titular de uma subconta no Bradesco sem estar cadastrado no Bradesco). É um sistema pouco transparente e de difícil rastreio, que, por isso, costuma passar despercebido pelos órgãos de fiscalização. A BK, beneficiando-se de sua prerrogativa como fintech, movimentou 46 bilhões de reais do esquema criminoso em cinco anos, segundo a PF.

    Essa fortuna vinha principalmente do PCC, mas não apenas: a piauí apurou que, nesse período, a BK também faturou prestando serviços ao poder público. Desde 2019, assinou pelo menos 82 contratos com instituições de Estado, num total de 555 milhões de reais (não corrigidos). Na maioria dos contratos, a fintech se comprometia a fornecer cartões de vale-alimentação e benefícios sociais. Em outros casos, era contratada para fornecer máquinas de cartão de crédito e débito. Entre os compradores estavam os Correios, a Câmara dos Deputados e o Senado.

    Foi justamente por meio de uma maquininha dessas que o Ministério Público de São Paulo começou a puxar um longo fio que levou à descoberta do esquema criminoso. Em 2020, policiais militares e promotores invadiram um imóvel no bairro Boqueirão, em Santos, onde funcionava ilegalmente uma casa de jogos de azar. Ali, apreenderam uma máquina de cartão de débito. Mais tarde, ao analisá-la, os promotores acharam estranho o fato de que ela havia sido registrada no nome de um posto de combustível em Campinas, a quase 200 km de distância de Santos. O posto, por sua vez, era titular de uma subconta administrada pela BK. Foi quando a fintech e o ecossistema de fundos de investimento da Faria Lima entraram, pela primeira vez, no radar da polícia.

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    A lavagem de dinheiro acontecia em etapas. Primeiro, era preciso introduzir no sistema bancário os milhões de reais em espécie que o PCC fatura traficando drogas. Isso era feito da seguinte maneira: parte do dinheiro era depositado, de forma fracionada, em contas no nome de fintechs como a BK ou de postos de combustível (a facção, para justificar a entrada desse dinheiro nos postos, adicionava produtos como metanol à gasolina e ao etanol que vendia, alargando sua margem de lucro e dando aparência de normalidade aos negócios). No Paraná, a “diretoria dos postos” adotava um procedimento mais sofisticado: num primeiro momento, os postos, em vez de receber o dinheiro em contas bancárias, o recebiam em espécie. O PCC então arregimentava transportadoras para visitá-los periodicamente e retirar as quantias. Em seguida, essas empresas depositavam o dinheiro em contas no Santander, na Caixa Econômica Federal, no Sicoob e em outras instituições financeiras. Eram, na verdade, subcontas, administradas por uma outra fintech implicada no esquema: a Tycoon Technologies. O dinheiro depois era transferido para as contas dos mesmos postos de onde havia ele saído originalmente – mas agora, em vez de estar em espécie, estava “bancarizado”. De lá, voltava para as fintechs, onde a facção administrava sua fortuna.

    Na etapa seguinte, o dinheiro era aplicado em fundos de investimento, uma estratégia para blindar e ocultar o patrimônio. A maior parte desses fundos, segundo a PF, era administrada pela Reag Investimentos, do empresário João Carlos Falbo Mansur. Entre 2019 e 2023, período que coincide com a criação dos fundos, Mansur teve um crescimento de 73 vezes em seu patrimônio pessoal. À Receita, no final de 2023, ele declarou bens num valor de 570 milhões de reais, dizendo que a origem desse dinheiro eram os lucros e dividendos de suas empresas. Tudo uma “fantasia”, segundo o relatório da PF sobre o caso. “A divergência, inclusive, alcança níveis que chegam ao absurdo: uma empresa que sequer declara receitas distribui dividendos em valor cem vezes maior que sua movimentação financeira”, diz o documento.

    O envolvimento com o PCC não é a primeira polêmica na carreira empresarial de Mansur. Com o sócio Daniel Vorcaro, dono do banco Master, ele é acusado de fraudar um fundo previdenciário em Rondônia. Sua empresa, a Reag, também aparece em outro rolo do Master, revelado recentemente pela piauí: um empréstimo de 356 milhões de reais lastreado em um imóvel que teve valorização estranhíssima, de 11 mil% em apenas 36 dias. Procurada pela reportagem, a assessoria da Reag afirmou que o crescimento patrimonial de Mansur “reflete seus rendimentos como empresário e investidor, alinhado pelo crescimento de suas companhias, com todos os rendimentos devidamente declarados à Receita e de origem lícita, em conformidade com as normas fiscais”. A empresa também negou ter vínculos com o PCC e disse que “não participou de operações para ocultar patrimônio ou lavar dinheiro, mantendo total compromisso com a transparência e legalidade em suas operações”.

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    Abastecidos com dinheiro da facção, os fundos de investimento compravam usinas sucroalcooleiras no interior paulista, a maioria delas falidas ou quase lá. Um exemplo: em 2022, Mohamad Mourad (o Primo, apontado como um dos chefes do esquema) investiu 180 milhões de reais de um desses fundos de investimento para adquirir a usina Itajobi, localizada no município de Marapoama. Na mesma época, ele adquiriu uma casa em Catanduva, cidade próxima que passou a visitar com frequência, sempre viajando em aviões particulares. “Ele dizia que não entendia nada do setor sucroalcooleiro”, afirmou à piauí um fazendeiro que fornecia cana à usina e que, por razões de segurança, pediu que seu nome fosse omitido. Tempos depois, Mourad aportou mais 180 milhões de reais para comprar outra usina, a Carolo, na cidade de Pontal (SP), próxima a Ribeirão Preto. 

    Os negócios eram apenas fachada, segundo a PF, mas Mourad os divulgava como investimentos sérios. “O mais importante que temos aqui é a retomada de uma usina de 1950, a promoção de mil empregos e a arrecadação para os municípios à nossa volta e, consequentemente, o desenvolvimento”, ele disse à imprensa em 2023, depois de ter adquirido mais uma usina, dessa vez em Ariranha (SP). Durante as tratativas dessa compra, seu parceiro de negócios, Roberto Augusto Leme da Silva – o Beto Louco –, chegou a visitar Catanduva, que fica ali perto. “O João [nome com que Mourad se apresentava na cidade] só disse que [o Beto] era o sócio dele. Um sujeito calado e discreto”, disse o mesmo fazendeiro. (A discrição, no entanto, não impediu que Beto Louco levasse uma vida de luxo. Nos últimos anos, segundo o Ministério Público de São Paulo, ele e a esposa gastaram mais de 250 mil reais em hotéis cinco estrelas, lojas e restaurantes de Londres e Dubai.)

    A Receita constatou que a quadrilha superfaturou em até 43% os gastos na compra da cana de açúcar, fazendo parecer que o dinheiro ilegal que passava pelas usinas era, na verdade, um fluxo natural do negócio. O etanol que produziam era transportado para a Duvale Distribuidora, de Jardinópolis (SP), e de lá seguia para os postos que participavam do esquema. Neles, o combustível era vendido com margens de lucro artificiais, disfarçando a entrada de dinheiro do PCC nos postos – e tudo se repetia, completando, enfim, o virtuoso ciclo da lavagem de dinheiro.

    Segundo o Ministério Público, a Duvale tem donos ocultos – entre eles, Mourad, Beto Louco e Daniel Dias Lopes, um traficante conhecido na região de Campinas. Em 2014, Lopes foi preso em flagrante carregando uma tonelada de cafeína, insumo que, segundo a polícia, seria misturado a cocaína para depois ser vendido. No ano seguinte, ele voltou a ser preso, acusado pela PF de integrar um esquema que transportava cocaína do Paraguai para a região metropolitana de Salvador (BA), mas foi solto em 2017. Mais recentemente, passou a ostentar carros de grife pelas ruas de Curitiba, o que chamou a atenção da polícia. Ele começou a ser seguido, e suas movimentações acabaram sendo fundamentais para que a PF entendesse o funcionamento do esquema.

    Além de Lopes, há outras figuras próximas ao PCC implicadas na investigação por lavagem de dinheiro. Alguns postos citados pela polícia são parte da rede Boxter, em São Paulo, que pertence à família Cepeda, investigada pela PF em 2020 justamente por lavar dinheiro para o PCC (a ação penal, porém, acabou sendo arquivada pela Justiça tempos depois, devido a questionamentos em relação à delação do piloto Felipe Ramos Morais, que havia sido o estopim da investigação. Morais foi morto em 2023). Além disso, no mesmo endereço da distribuidora Duvale, em Jardinópolis, está instalada a filial de uma empresa em nome de Antonio Carlos Martins Vieira, o Tonhão, suspeito de envolvimento com roubo de cargas em Alagoas e que, segundo o Ministério Público, também tem vínculos com a facção criminosa.

     

    No celular de Rafael Gineste, aquele que comemorava o faturamento do esquema numa conversa de WhatsApp, a Polícia Federal encontrou um documento com detalhes preciosos sobre a lavagem de dinheiro do PCC e um título totalmente explícito: Dossiê combustíveis rota do crime. Nele, havia uma lista de dezesseis pessoas envolvidas na atividade criminosa. O dossiê dizia que o dinheiro lavado nos postos vinha do tráfico internacional de cocaína, apontava Beto Louco como “o maior adulterador de combustível do país” e afirmava que os criminosos “sabem que estão colocando fogo em Curitiba e no interior e isso uma hora vai ter fim”. (A PF não esclareceu se o dossiê foi escrito pelo próprio Gineste. Tudo indica, no entanto, que ele ou algum outro integrante da quadrilha estava ensaiando uma denúncia do esquema à polícia).

    Mais recentemente, segundo o Ministério Público, os fundos de investimento ligados ao PCC vinham buscando investir em empresas que atuam no porto de Paranaguá, no litoral paranaense, um dos mais utilizados por grupos criminosos para escoar cocaína até a Europa e a África. Para os investigadores, é uma demonstração de que o dinheiro, depois de devidamente lavado nos postos e na Faria Lima, era reinvestido no tráfico internacional de drogas – o que provavelmente permitia ampliar os lucros da quadrilha, realimentando, novamente, todo o ciclo.

    Na operação da semana passada, a PF prendeu seis pessoas, entre elas Thiago Ramos e Gineste, flagrado enquanto tentava fugir em uma lancha no litoral catarinense. O advogado Mauricio Moscardi Grillo, que representa Gineste, negou que seu cliente tenha relações com o PCC ou com o esquema de adulteração de combustível. “Vinculá-lo a práticas criminosas é precipitado e injusto”, disse à piauí, por meio de nota. Também afirmou que, diferentemente do que diz a Polícia Federal, Gineste não estava tentando fugir quando foi preso. “Rafael foi encontrado em seu próprio barco, em momento de lazer, e se apresentou de imediato, com tranquilidade e colaboração. Transformar esse episódio em narrativa de evasão é desproporcional e não encontra amparo nos fatos.”

    Oito pessoas continuam foragidas. É o caso de Daniel Lopes, Beto Louco e Mourad. Em nota enviada à piauí, a defesa de Mourad negou os crimes que estão sendo imputados a ele. “Qualquer sugestão nesse sentido é pura fantasia, de modo que sua inocência será ao final provada.” O advogado de Beto Louco é Celso Vilardi, que também representa o ex-presidente Jair Bolsonaro no processo por tentativa de golpe de Estado. Como o julgamento do ex-presidente começou nessa terça-feira (2), no STF, Vilardi disse à piauí que não conseguiria responder às perguntas da reportagem. Os advogados de Lopes e Ramos não foram localizados.

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