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    Piauí

    O mafioso que desapareceu no Brasil

    3 de julho de 202516 Minutos de Leitura
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    Em fevereiro de 1983, agentes da Polícia Federal e da Criminalpol italiana abriram a porta de um apartamento na Avenida Niemeyer, na Zona Sul do Rio de Janeiro, e se depararam com uma cena digna de filme. Pratos estavam posicionados numa mesa, a comida pronta para ser servida – e ninguém à vista. Silêncio total; os quartos, vazios. Claramente, alguém esteve ali e fugiu minutos antes. Os policiais italianos, vindos de Nápoles, esperavam prender naquele endereço um dos traficantes mais procurados do país: Antonio Bardellino. Tinham conduzido, durante meses, uma investigação exaustiva, envolvendo escutas, tocaias e cruzamento de dados com a polícia brasileira. Não esconderam a frustração.

    A cena foi descrita por Pedro Berwanger, delegado aposentado da Polícia Federal que, nos idos de 1983, trabalhava na busca a foragidos internacionais no Brasil. Conversamos em janeiro deste ano, quando o encontrei no Rio. Eu estava produzindo um documentário chamado Lo spettro (O espectro), sobre Bardellino, um criminoso com uma história fascinante. O documentário foi ao ar em maio deste ano, no programa 100 Minuti, do canal italiano LA7.

    Bardellino era um mafioso graúdo, e por isso a polícia investiu tanto em sua captura. Nascido em 1945 em San Cipriano d’Aversa, uma cidade de 13 mil habitantes, ele era um dos chefes da Camorra, uma das mais antigas organizações criminosas da Itália. Seu grupo foi pioneiro no tráfico internacional da cocaína produzida na América do Sul, utilizando-se da expertise que acumularam no contrabando de cigarros. À frente da operação, Bardellino passou a viver entre o Brasil e a República Dominicana, de modo que pudesse acompanhar de perto os negócios no continente. Durante muito tempo ele foi monitorado pela polícia italiana, que conseguiu finalmente encontrar seu endereço no Rio. O objetivo, naquela operação malfadada, era prender o mafioso e depois extraditá-lo para a Itália, onde ele seria julgado.

    Mas a frustração, conforme Berwanger me contou, durou pouco. Com base nas evidências colhidas naquele dia, os policiais descobriram a existência de um outro apartamento, comprado em nome da esposa de Bardellino, Rita De Vita. O imóvel ficava em um condomínio na Barra da Tijuca onde morava outro figurão da máfia italiana, Tommaso Buscetta, que também era foragido no Brasil. Os agentes passaram a observar as entradas e saídas do prédio, a seguir carros e a monitorar as chamadas telefônicas feitas pelos dois mafiosos. Bardellino não foi encontrado; Buscetta, sim. Os policiais descobriram que ele havia se mudado para São Paulo e conseguiram prendê-lo, enfim, em outubro de 1983.

    Bardellino fugiu do Brasil, mas acabou sendo preso dez dias depois, em Madri. É quando a história começa a ficar fantástica. Diferentemente do colega, que ficou preso durante anos, Bardellino viveu pouco tempo atrás das grades. Em janeiro de 1984, numa decisão controversa que atiçou a opinião pública na Espanha, a Justiça o liberou mediante o pagamento da fiança. Ao sair da cadeia, o mafioso virou um fantasma. Nunca mais foi visto.

    As informações sobre a vida de Bardellino, dali em diante, são repletas de lacunas. Sabe-se apenas que ele esteve no Brasil e frequentou Búzios, no litoral fluminense. As investigações conduzidas pela polícia italiana concluíram que ele morreu em maio de 1988, assassinado por um ex-companheiro de máfia. Mas sua morte até hoje suscita dúvidas. O corpo nunca foi encontrado, não há testemunhas e o assassino, que poderia depôr à Justiça e esclarecer o caso, foi morto três anos depois, em Portugal.

    “Não acho que Antonio Bardellino esteja morto”, disse Tommaso Buscetta, já transformado em delator, durante um depoimento a uma CPI do Parlamento italiano, em 1992. A Procuradoria Antimáfia de Nápoles, liderada pelo promotor Nicola Gratteri, não acha que o ex-mafioso estivesse apenas fazendo uma bravata ao dizer isso, e há dois anos investiga essa hipótese.

    Na apuração que fiz para o documentário, encontrei um relatório da Polícia Federal que engrossa a suspeita. O documento mostra que, cinco anos depois de oficialmente ter morrido, Bardellino ainda constava como foragido da Justiça brasileira. “Nos últimos anos, tem-se assinalado um perceptível aumento da presença de mafiosos italianos no Brasil”, diz o relatório, datado de fevereiro de 1993. Esse documento era confidencial na época, mas hoje pode ser encontrado nas papeladas do Arquivo Nacional. Nele, constam informações de inteligência segundo as quais Bardellino, depois de fingir a própria morte em Búzios, fugiu para a Espanha – e, mais tarde no mesmo ano, retornou ao Brasil, driblando a polícia. O relatório também cita indícios de que o mafioso continuava ativo no tráfico, escondendo drogas em troncos de árvores de Tabatinga (AM) que eram embarcados para a Europa.

    A fonte dessas informações de inteligência não é esclarecida, mas sabemos que o relatório foi elaborado dias depois de uma reunião entre policiais brasileiros e funcionários do Sismi, a agência italiana de contraespionagem estrangeira (hoje conhecida pela sigla Aise). Um outro documento da PF mostra que, ao menos até 1996, Bardellino permaneceu na lista de mafiosos foragidos no Brasil. Depois disso, seu nome não aparece mais nos relatórios.

    Antonio Bardellino – Don Antonio, como os pares o chamavam – era integrante da Nuova Famiglia, um dos vários carteis que compõem a temida Camorra. O grupo cresceu rapidamente a partir de 1980, ano em que um terremoto devastou a Irpínia, região que abrange parte da Campânia. Para remediar a tragédia, que matou mais de 2 mil pessoas e deixou milhares de feridos e desabrigados, o governo italiano passou a financiar a reconstrução das zonas atingidas, liberando um fluxo de dinheiro sem precedentes na região. Bardellino soube tirar proveito da situação. Sob sua liderança, o clã dos Mazzoni – um subgrupo da Nuova Famiglia – monopolizou o mercado local de cimento, conquistando os principais contratos de obras públicas e, consequentemente, nadando em rios de dinheiro.

    Na época, a Cosa Nostra, maior máfia da Sicília, prosperava com sua rede internacional de tráfico de heroína. A Nuova Famiglia seguiu um caminho diferente: apostou na cocaína e, por isso, passou a mirar a América Latina, um mercado em ascensão. Umberto Ammaturo, um dos mais destacados integrantes do grupo de Bardellino, viajou em 1976 ao Peru e, a partir de lá, estabeleceu as primeiras relações com o nascente cartel de Medellín, na Colômbia. O negócio foi facilitado pelo fato de que Bardellino havia se aliado, anos antes, a uma parte da Cosa Nostra que já operava com desenvoltura na América Latina, em especial no Brasil.

    Não se sabe com exatidão quando Bardellino aportou no Brasil, mas os primeiros indícios de sua presença são de 1982. No banco de dados Family Search (administrado pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, a igreja dos mórmons), é possível encontrar a ficha de entrada de Bardellino em São Paulo, datada de 23 de julho daquele ano. O mafioso entrou no país usando seu nome verdadeiro, embora a Criminalpol já estivesse no seu encalço. Ao menos duas ordens de prisão haviam sido emitidas contra ele em Nápoles: uma em 30 de abril de 1981, outra em 3 de julho de 1982, pouco antes de sua chegada a São Paulo.

    No Brasil, Bardellino encontrou as condições ideais para levar uma vida de foragido. Em pouco tempo, começou a frequentar Búzios, na época um remoto distrito de Cabo Frio onde atuava Enrico Peluso, integrante do seu cartel. Segundo as investigações conduzidas mais tarde na Itália, o grupo criminoso mantinha em Búzios um negócio de fachada, exportando peixes – e, junto com eles, cocaína – para a Europa. A empresa se chamava Ceico – Companhia Exportadora e Importadora Comercial – e tinha escritórios em Búzios e no Rio de Janeiro (o apartamento na Avenida Niemeyer onde os policiais procuraram em vão por Bardellino).

    Segundo os inquéritos conduzidos na Itália, a organização começou a se estruturar em 1981. Búzios, na época, era um destino pacato. Tinha cerca de 6 mil habitantes, a maioria deles pescadores, e uma pequena delegacia de polícia. Os estrangeiros que iam e vinham não chamavam a atenção. Entre eles havia um italiano excêntrico, grande conversador e cozinheiro, chamado Vladimiro Leopardi, conhecido como Miro. Assíduo nos restaurantes de peixe da cidade, ele dizia ser descendente direto de Giacomo Leopardi, um dos maiores poetas italianos. “George, um argentino meio italiano, abriu um restaurante e trouxe Miro para cá, junto com um amigo seu, um tal Peppe”, me contou o dono de um restaurante em Búzios, quando estive na cidade, em janeiro. Segundo ele, George convidou Miro para morar em Búzios, que, dali em diante, passou a ser frequentada por outros italianos peculiares.

    O primeiro a ter relações societárias com Leopardi foi Enrico Peluso. Bardellino, ao que tudo indica, aportou em Búzios depois disso. Sua passagem pela cidade é pouco documentada, mas ainda há moradores que se recordam, vagamente, de terem esbarrado no mafioso. “Sim, eu me lembro dele, era sócio do Miro”, me disse um pescador nascido e criado em Búzios.

    Nos autos de um megaprocesso aberto pela Justiça italiana em 1998, é possível encontrar detalhes da atuação da máfia na cidade praiana. O coronel italiano Antonio Sessa, que investigou o clã de Bardellino, afirmou no tribunal que o mafioso era o proprietário indireto da Brasfish, uma outra exportadora de peixes que, segundo ele, servia ao tráfico de cocaína. “Todas as investigações anteriores, todas as informações, frequentemente indicavam como uma das rotas da droga os recipientes de isopor expandido que continham o peixe congelado”, afirmou Sessa.

    A Brasfish foi formalmente constituída em 1985, seguindo os passos da Ceico, a exportadora de peixes comandada por Peluso. Na época, os sócios eram nomes conhecidos da cidade: o boa-praça Miro Leopardi, sua esposa Marly Bizinover e o empresário brasileiro Antonio Libanio, mais conhecido como Tony do Gelo. Conheci Tony em Búzios, onde ele ainda mora. “Nossa especialidade era peixe fresco”, disse o ex-sócio de Miro. Ele me contou que sempre trabalhou com comércio exterior. Chegou a Búzios em 1982 e, ao conhecer o simpático italiano, resolveu se arriscar no mercado de exportação de peixes, que prosperava.

    Tony negou que a empresa fosse uma fachada para o tráfico de cocaína. “Atuei na Brasfish por vinte anos, diariamente. Todo peixe era exportado com caixa de isopor, com gelo molhado. [Transportar drogas] ia ser uma operação que não podia passar desapercebida”, ele me disse, sugerindo que a cocaína, no melhor dos casos, chegaria molhada aos compradores. “Eu estava todo dia lá, via o processo de embalagem e de despacho. A não ser que houvesse um esquema no aeroporto… Mesmo assim, acho difícil: a gente tinha que passar na Polícia Federal, no Ministério da Agricultura, na Vigilância Sanitária etc.”

    Os peixes, segundo Tony, eram enviados de avião para Itália, Portugal, França e Estados Unidos. Em Nápoles, ele me disse, o distribuidor da empresa se chamava Luigi Amoruso – empresário do setor pesqueiro que, anos depois, foi citado em um processo contra a máfia (um delator da Camorra se referiu a ele como “nosso filiado”). Em um documento apresentado em 1994 à Junta Comercial do Rio de Janeiro, Amoruso constava como um dos sócios da Brasfish. Por volta da mesma época, segundo Tony, um jovem italiano chamado Vincenzo Scuotto se mudou para Búzios para ajudar a administrar a empresa.

    Tony me disse que não se lembra de Bardellino, o chefe da operação. Mas lembra-se de seu braço direito, Renato Coppola – italiano que, na verdade, se chamava Mario Iovine e usava o nome falso para despistar a polícia. Segundo a investigação conduzida na Itália, foi Iovine quem matou Bardellino em maio de 1988. Testemunhas indiretas disseram à Justiça que o assassinato foi um revide, porque Iovine ficara sabendo que Bardellino havia mandado matar seu irmão, Domenico Iovine. As investigações da polícia, porém, concluíram que o crime – se é que houve mesmo – resultou de uma disputa de poder na máfia.

    A Brasfish existe ainda hoje, sediada em Cabo Frio. Segundo as informações prestadas à Receita Federal, sua diretora administrativa é Rosangela Ferreira Scuotto, mulher de Vincenzo. A empresa nunca foi implicada em processos criminais (a piauí perguntou à Polícia Federal se há alguma investigação em curso, mas não obteve resposta). Entrei em contato também com Rosangela, que respondeu por escrito às minhas perguntas. Ela garantiu ser a única sócia da Brasfish e que conduz a empresa ao lado do marido, Vincenzo Scuotto. Disse ter se tornado sócia por volta dos anos 2000, comprando as cotas dos antigos sócios (não soube, contudo, dizer quem eram eles). Afirmou ter conhecido Renato Coppola (isto é, Mario Iovine), mas que não tinha proximidade com ele. Luigi Amoruso, segundo Rosangela, já havia deixado de ser sócio quando ela entrou para a empresa (“Depois, virou cliente”). Ela disse nunca ter conhecido Antonio Bardellino e não saber que a Brasfish fora investigada por tráfico de drogas. “Não tenho conhecimento. Nunca fui intimada ou notificada, nem convidada a prestar qualquer informação ou esclarecimento para qualquer órgão, autoridade policial ou qualquer coisa do gênero. Desde que iniciei a gestão da empresa, nunca fomos sequer relacionados a qualquer atividade ilegal ou coisa do gênero.”

    Durante meses, depois de ser preso em São Paulo, em 1983, o mafioso Tommaso Buscetta permaneceu calado. Sua mulher, a brasileira Maria Cristina Guimarães, também foi detida. As negociações para uma delação só avançaram depois que a Justiça italiana enviou ao Brasil a equipe antimáfia de Palermo. Ela era composta pelos juízes Giovanni Falcone, Paolo Borsellino e Giuseppe Ayala. O trio pediu e obteve a extradição de Buscetta. (Em 1992, Falcone e Borsellino foram mortos em atentados promovidos pela Cosa Nostra.)

    No primeiro interrogatório, conduzido por Falcone, o mafioso que foi aliado próximo de Antonio Bardellino deixou claro que pretendia colaborar com a Justiça. “Não sou um delator (…), não sou um arrependido (…), mas pretendo revelar tudo o que sei sobre esse câncer que é a máfia.” Os interrogatórios se arrastaram até o final de 1984. Em agosto, Falcone perguntou a Buscetta sobre Bardellino, de quem era vizinho na Barra da Tijuca. “De fato, no Rio de Janeiro, eu havia comprado um apartamento na Avenida Sernambetiba 3600”, respondeu o mafioso. “Vossa Excelência me diz que, dois andares acima, o apartamento 1503 foi comprado por Rita De Vita, esposa de Antonio Bardellino. Percebo que se trata de uma coincidência realmente singular, mas nego categoricamente que possa ter havido qualquer ligação, no Brasil ou em qualquer outro lugar, entre mim e Bardellino.”

    Buscetta falava de tudo, e seus depoimentos foram cruciais para o megaprocesso que, ao fim, resultou na condenação de 475 mafiosos. Mas, quando indagado sobre a própria vida, sobre Bardellino ou sobre os negócios no Brasil, calava-se. No fim, os juízes se viram obrigados a retirar a acusação contra vários réus, entre eles Bardellino, e pediram à polícia que investigasse a rede de narcotráfico instalada no Brasil. Pouco se descobriu de lá pra cá. Buscetta, embora não tenha contado tudo o que sabia, recebeu a contrapartida de seu acordo de delação e se mudou para os Estados Unidos com uma identidade nova. Ficou escondido o resto de sua vida. Morreu no ano 2000, na Flórida.

    Protegido pelo silêncio de seu comparsa, Bardellino se livrou da Justiça e viveu anos tranquilos longe da Itália. Constituiu família na República Dominicana, onde ainda hoje vivem três filhos e sua esposa, Rita De Vita, e nunca largou o Brasil. No fim dos anos 1980, seu cartel, depois de enfrentar muitos conflitos sangrentos, se tornou hegemônico na região ao Norte de Nápoles. Até que, em maio de 1988, a notícia de sua morte pegou todos de surpresa.

    O assassinato, segundo a investigação italiana, aconteceu em Búzios por volta das 10 horas da manhã, horário de Brasília. Quando a notícia chegou do outro lado do Oceano Atlântico, fez eclodir uma matança, como costuma acontecer em disputas sucessórias no crime organizado. O primeiro alvo foi um jovem sobrinho de Bardellino, estrangulado com uma corda. Um soldado que era próximo do antigo chefe se entregou à polícia italiania, desesperado: “Eles mataram Antonio Bardellino, querem nos matar todos!”

    Em 1998, a Justiça italiana abriu o processo Spartacus, como ficou conhecida uma série de julgamentos que passou por várias instâncias, durante dez anos, contra a máfia. Três depoentes confirmaram, no tribunal, que Bardellino havia sido assassinado. Deram a mesma versão, segundo a qual o chefão fora morto por Mario Iovine a marteladas, em Búzios. Eles disseram ainda que a mulher de Iovine, a brasileira Rosangela Gonçalves de Mendonça, assistiu à cena e ajudou a limpar os vestígios do crime. Dois dos três depoentes relataram que o corpo de Bardellino, nunca encontrado, fora enterrado em uma praia.

    Como as testemunhas eram indiretas – isto é, não tinham visto o assassinato de Bardellino –, os investigadores nunca deram o caso por encerrado. Em julho de 2023, a Procuradoria Antimáfia de Nápoles realizou uma dezena de buscas nas casas de parentes de Bardellino na Campânia e em Fórmias, cidade da região do Lácio onde vivem dois irmãos do mafioso. No mandado de busca, os magistrados apresentaram dois fatos que põem em dúvida a morte de Bardellino. Primeiro, um telefonema interceptado de Silvio, irmão do mafioso, para um dos filhos de Bardellino, em 2014. “Mande lembranças ao papai”, disse Silvio a certa altura da conversa, o que foi interpretado como uma evidência de que o mafioso ainda estava vivo. E segundo: Giuseppe Favoccia, braço direito de outro irmão de Bardellino, depôs à polícia mais de uma vez afirmando, sem hesitação, que o mafioso não morreu.

    Em entrevista ao nosso documentário, Favoccia reforçou o que já havia dito: “Antonio está vivo.” Também conversamos, no Rio de Janeiro, com Rosangela Gonçalves de Mendonça, viúva de Mario Iovine. Embora três testemunhas indiretas tenham dito que ela presenciou o assassinato de Bardellino, ela negou – e disse que seu marido também não teve qualquer relação com o caso. Rosangela afirmou ter poucas informações sobre Bardellino e seu paradeiro. “Não sei o que ele fazia. Passava férias aqui, vinha à nossa casa, se apresentava como Marcus, eu o conhecia como Marcus. Faz muito tempo que não o vejo.” 

    Procurada pela piauí, a Polícia Federal não esclareceu até que ano Bardellino esteve na lista de foragidos no Brasil. Também não respondeu se há novas investigações em curso. “A PF não confirma nem se manifesta sobre eventuais investigados ou investigações em andamento”, disse a nota enviada pela assessoria de imprensa. A Procuradoria Antimáfia de Nápoles, por sua vez, não quis se manifestar. Hoje, de acordo com os registros do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), não há nenhum mandado de prisão em aberto contra Bardellino no Brasil. Sua história segue um mistério.





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