ESTADÃO CONTEÚDO
Agência de Notícia
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) realiza no próximo domingo, 6, na Avenida Paulista, a primeira manifestação de rua após ter se tornado réu no Supremo Tribunal Federal (STF). O ato, que tem como mote a anistia aos condenados pelos atos do 8 de Janeiro, será um teste decisivo da capacidade de Bolsonaro levar à população às ruas após o protesto esvaziado na praia de Copacabana em março. Nas redes sociais, a convocação mira especialmente o público feminino ao ressaltar o caso da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos e o batom utilizado por ela para pichar a estátua “A Justiça”.
A previsão do tempo para domingo é de pancadas de chuva e trovoadas isoladas na cidade de São Paulo, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O órgão emitiu alerta laranja para chuvas intensas em cidades do Estado, inclusive a capital paulista. O aviso é válido até sexta-feira, 4, mas pode ser prorrogado. O alerta significa risco de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores, alagamentos e descargas elétricas.
“A presença do povo na Paulista será um termômetro para a anistia. A presença de vocês vai dar força pra gente vencer resistências, votar e aprovar a lei da anistia. Vocês que forem à Paulista estão sendo, de verdade, os responsáveis pela libertação dessas pessoas humildes. Da Débora, da missionária Eliene, entre tantos outros”, disse Bolsonaro na quarta-feira em entrevista ao canal AuriVerde Brasil.
O PL pressiona para que o projeto da anistia seja pautado na Câmara dos Deputados. O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que o momento é de “equilíbrio”. O Placar da Anistia, levantamento exclusivo do Estadão, aponta que havia até quinta-feira, 3 de abril, 196 votos favoráveis à proposta. Para um projeto de lei ser votado na Casa legislativa, é preciso haver pelo menos 257 deputados na sessão. O texto é aprovado com votos da maioria simples, ou seja, maioria dos presentes. Uma mudança em relação às últimas manifestações é o esforço para que governadores de direita, mas não necessariamente bolsonaristas, marquem presença — a lista inclui pré-candidatos a presidente.
Bolsonaro se envolveu pessoalmente neste ponto. Ele ligou para Romeu Zema (Novo-MG), que aceitou o convite e foi incluído na lista dos que discursarão no evento — entre os governadores, a princípio apenas Tarcísio de Freitas (Republicanos) também discursará. Zema passou a defender de forma mais enfática a anistia nas últimas semanas e publicou um “hino gospel” em suas redes sociais como apoio à medida.
Ratinho Júnior (PSD-PR) era cotado para ser o outro chefe de governo estadual a falar, conforme o pastor Silas Malafaia, coordenador do evento, disse ao Estadão. A assessoria do governador paranaense informou, no entanto, que ele viaja para os Estados Unidos na noite de domingo e não estará na Paulista. Ratinho e Bolsonaro almoçarão juntos em Curitiba (PR) na sexta-feira.
O governador Eduardo Riedel (PSD-MS) foi convidado por Bolsonaro durante entrevista a uma rádio de Campo Grande (MS). O governador sul-mato-grossense não havia confirmado presença até a noite de quarta-feira, mesmo caso de Cláudio Castro (PL-RJ), Ronaldo Caiado (União-GO) e Mauro Mendes (União-MT). Por outro lado, Jorginho Mello (PL-SC), anunciou que estará na Paulista.
Público feminino
Uma das estratégias da organização é direcionar a convocação ao público feminino e utilizar como símbolo o caso da cabeleireira Débora, presa por escrever “Perdeu, mané” na estátua “A Justiça” no 8 de Janeiro — ela foi detida em março de 2023 e migrou para prisão domiciliar na sexta-feira, dia 28 de março, após decisão do ministro Alexandre de Moraes.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e outras expoentes do bolsonarismo gravaram um vídeo em que utilizam um batom para escrever “Anistia já” em blusas brancas. Elas afirmam que as palavras escritas com o cosmético “foram facilmente apagadas” da estátua. “O que jamais será apagado são as marcas profundas causadas pela injustiça de homens poderosos”, diz Michelle na gravação. As mulheres terão destaque nos discursos durante o ato.
Prisão domiciliar para Roberto Jefferson
A 1ª Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) concedeu, na última quarta-feira (2/4), prisão domiciliar para o ex-deputado Roberto Jefferson.
A decisão da Justiça Federal não significa a imediata transferência para o regime domiciliar humanitário, já que há outra prisão preventiva em vigor, decretada pelo ministro do Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O colegiado atendeu ao pedido da defesa e levou em consideração a situação de “extrema debilidade” do ex-deputado Roberto Jefferson.
O julgamento do habeas corpus, que teve relatoria da desembargadora federal Andréa Esmeraldo, se baseou num relatório da Junta Médica da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SEAP). De acordo com o documento, as complicações enfrentadas pelo ex-parlamentar estão associadas ao ambiente hospitalar de infecção.
Jefferson é proibido de usar as redes sociais ou aplicativos de comunicação e, também, de sair do estado do Rio de Janeiro, exceto em situação de emergência médica que deve ser comprovada e comunicada à Justiça Federal. Além disso, o ex-parlamentar teve cassados seus documentos de posse e registro de armas de fogo.