A Secretaria do Tesouro dos EUA já entrou em contato com o Ministério da Fazenda brasileiro para agendar uma nova rodada de negociações sobre o tarifaço de 50% anunciado por Donald Trump, que incidirá sobre parte das exportações brasileiras. Ainda não há data definida para o encontro. A reunião anterior ocorreu em maio, antes do anúncio das novas tarifas.
Em entrevista concedida nesta quinta-feira (31), o ministro Fernando Haddad confirmou o diálogo:
“A assessoria do secretário Bessent fez contato conosco… haverá uma segunda conversa. Levaremos nosso ponto de vista às autoridades americanas”.
Diálogo aberto, mas críticas explícitas às medidas
Haddad afirmou que as negociações representam um bom ponto de partida, embora muito distante do resultado esperado:
“Há muita injustiça nas medidas anunciadas”.
Ele ressaltou que, embora certos setores tenham sido exceções, o impacto sobre indústrias menores — sobretudo agrícolas — será severo.
Segundo estimativas, cerca de 43% das exportações brasileiras para os EUA estão isentas da tarifa adicional, ao passo que 35,9% passarão a sofrer a sobretaxa de 50%, e o restante será tributado entre 10% e 25%.
Reuters
Ações emergenciais para aliviar prejuízos
Reconhecendo a gravidade da situação, o governo brasileiro trabalha em um plano de contingência, que inclui:
- Linhas de crédito direcionadas às empresas afetadas
- Apoio emergencial para setores estratégicos como agronegócio, aeronaves e têxteis
- Medidas regionais e setoriais visando à preservação de empregos
Haddad destacou que a maioria dos setores mais afetados são pequenos, onde o impacto econômico, embora volumétrico pequeno, é socialmente significativo. Ele também alertou que mesmo grandes players globais demandarão tempo para se adaptar às novas regras comerciais.
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Estratégia diplomática e reciprocidade em pauta
A postura oficial do governo brasileiro prioriza a negociação do tarifaço com os EUA, em vez da retaliação imediata. Ainda assim, a Lei da Reciprocidade Comercial, aprovada em Brasília, permanece como instrumento válido para eventual resposta. Inclusive, o presidente Lula já sinalizou que o Brasil será firme em defender seus interesses e poderá adotar retaliações se necessário.
Adicionalmente, o governo destaca que a política unilateral é prejudicial à economia global e que a principal ferramenta para recuperação será o diálogo técnico, estratégico e político com autoridades americanas.
Cenário e desafios futuros com o tarifaço
O governo mantém a agenda com autoridades americanas e setores produtivos internos, visando reduzir os efeitos adversos das tarifas. Além disso, Reuniões com representantes da Amcham (Câmara de Comércio Brasil–EUA) e do setor produtivo brasileiro ainda devem ocorrer antes de 1º de agosto, prazo previsto para a implementação da tarifa.
Portanto, com combinação de ação diplomática, medidas econômicas e monitoramento contínuo, o Brasil busca equilibrar os interesses da economia interna e manter a estabilidade nas exportações — sobretudo em um contexto global de tensões comerciais.