O Governo da Bahia avança na preservação ambiental e no desenvolvimento sustentável ao propor oficialmente a criação da Reserva da Biosfera da Chapada Diamantina, um território reconhecido por sua rica diversidade ecológica, sociocultural e histórica. A iniciativa, apresentada durante reunião conjunta dos conselhos estaduais de Meio Ambiente (Cepram) e de Recursos Hídricos (Conerh), marca um passo decisivo rumo ao reconhecimento internacional da região como modelo de equilíbrio entre conservação ambiental e desenvolvimento comunitário.
Protagonismo ambiental no Nordeste
A proposta é coordenada pela Secretaria de Meio Ambiente (Sema) e está alinhada ao Programa O Homem e a Biosfera (MaB), da Unesco, que promove a integração entre natureza e sociedade.
Chapada Diamantina pode se tornar referência global de sustentabilidade
A criação da Reserva da Biosfera fortalece a posição da Bahia e do Nordeste no cenário ambiental internacional. A região, famosa por seus atrativos naturais e riqueza cultural, poderá se juntar a um seleto grupo de territórios brasileiros já reconhecidos pela Unesco como Reservas da Biosfera — como a Amazônia Central, Mata Atlântica, Pantanal e Caatinga.
Com mais de 4 milhões de hectares em análise para reconhecimento, a proposta envolve 42 municípios, 5 territórios de identidade, além de dezenas de unidades de conservação, entre áreas de proteção integral, de uso sustentável e Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs).
O que é uma Reserva da Biosfera?
Diferente das Unidades de Conservação, as Reservas da Biosfera não são delimitadas por legislação restritiva, mas por um reconhecimento internacional. A princípio, são territórios onde o foco é promover uma convivência harmônica entre o homem e a natureza, com base em três pilares:
- Conservação da biodiversidade e dos ecossistemas
- Desenvolvimento sustentável
- Fomento à pesquisa, conhecimento e gestão participativa
A proposta baiana está em fase de escuta pública e construção coletiva, o que significa que toda a sociedade poderá participar da consolidação do projeto, fortalecendo o diálogo entre governos, comunidades e instituições.
Chapada Diamantina: natureza, cultura e saberes tradicionais
Localizada no coração da Bahia, a Chapada Diamantina é reconhecida por sua paisagem única, que inclui caatinga, florestas úmidas, campos rupestres e áreas alagadas. Além disso, abriga uma rica diversidade cultural e histórica, como:
- O Jarê, expressão religiosa típica da região;
- A história dos garimpos antigos;
- O turismo ecológico;
- A meliponicultura, criação de abelhas nativas sem ferrão.
Segundo Guido Brasileiro, da Coordenação de Ações Estratégicas (Coaes) da Sema, o foco é garantir que a proposta seja construída de forma coletiva e transparente:
“Estamos em um momento de escuta, de troca e de adaptação. A prioridade é dialogar presencialmente com o território e envolver todos os atores locais.”
Vem aí a Caravana da Biosfera
Como parte do processo participativo, a Sema e o Inema realizarão em agosto a Caravana da Biosfera, que irá percorrer os municípios da Chapada Diamantina. Além disso, a ação busca informar, ouvir e sensibilizar as comunidades locais, promovendo engajamento direto no processo de construção da proposta.
Proposta da Reserva da Biosfera
Item | Detalhes |
---|---|
Área estimada | Quase 4 milhões de hectares |
Municípios envolvidos | 42 |
Territórios de identidade | 5 |
Unidades de conservação | 15 de proteção integral + 16 de uso sustentável |
Reservas Particulares (RPPNs) | 16 |
Reconhecimento internacional | Possível futura inclusão na Rede MaB da Unesco |
Iniciativas culturais e produtivas | Jarê, turismo ecológico, meliponicultura, história dos garimpos |
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Oportunidade para o Brasil e para o mundo
Caso aprovada pelo Conselho Brasileiro do Programa MaB (COBRAMaB), a Reserva da Biosfera da Chapada Diamantina poderá se integrar à rede mundial de territórios modelo da Unesco, ganhando visibilidade internacional e atraindo investimentos sustentáveis, turismo responsável e valorização das práticas locais.
Portanto, a iniciativa também reforça o papel da Bahia e do Nordeste como protagonistas em soluções integradas de desenvolvimento sustentável, servindo de exemplo para outras regiões do país.